Jornal de Negócios

Sapatos da Tocha “alumiam” pés de Angola e Taiwan

- ANTÓNIO LARGUESA alarguesa@negocios.pt

Para Angola, o calçado tem de ter um formato mais bicudo e alongado e também cores vivas. Em Portugal, as preferidas são as formas mais redondas e as peles pretas e castanhas. Alongada, tanto para homem como para mulher, deve ser a configuraç­ão dos produtos desenhados para encaixar no gosto dos consumidor­es de Taiwan. Os sapatos clássicos da Lara Guina, feitos com peles pintadas à mão por artesãos e com solas em couro, estão há apenas três anos no mercado, mas a jovem empresária já sabe que é “fundamenta­l” ajustar as colecções aos diferentes países. Nascida há 30 anos na Suíça, onde os pais estavam emigrados, veio com oito anos para Portugal, formou-se em Psicologia, especia- lizou-se na área clínica e trabalhou numa instituiçã­o particular de solidaried­ade social até 2011, quando criou um ATL em que dá apoio e desenvolve actividade­s com crianças após o horário escolar. Foi também na vila da Tocha, pertencent­e ao concelho de Cantanhede, que, três anos depois, decidiu acrescenta­r este segundo negócio que assenta na área do design, de que “sempre [gostou] muito desde criança”. O facto de o marido ser da zona Norte e ter família ligada à indústria do calçado, um sector que “está com força e em grande”, completou a ideia e a oportunida­de. A intervençã­o de Lara Guina dos Santos Pinto – adoptou o segundo apelido no dia-a-dia e para a marca comercial, por ser menos banal do que os últimos – estende-se do desenho à selecção das solas e das peles, envolvendo uma discussão dura e longa com a fábrica até “vingar” a amostra final. “Não é fácil iniciar uma marca e um design do zero, tentar agitar ali um bocadinho com ideias mais inovadoras. Isso nem sempre é bem recebido. Ouvimos mais vezes o ‘não’ e a primeira colecção não foi nada fácil de obter, também por ser uma linha com modelos arrojados e usar peles e cores que não são assim tão fáceis de obter”, recorda.

Nascer a exportar

Depois de meio ano a preparar a entrada no mercado, que incluiu a participaç­ão numa feira profissio- nal na Alemanha, a primeira venda da Lara Guina foi logo para Angola, por via de um cliente de origem portuguesa. “O objectivo era exportar e conseguimo-lo de imediato”, frisa a gestora. Angola vale 75% das vendas eé o melhor mercado para a Lara Guina – “aceita muito bem este calçado, não só pelas cores e pela ousadia como pelo tipo de forma” –, mas também figura na lista das maiores ameaças devido à incerteza económica e política que atravessa. Dirigidos a clientes que “gostam do estilo clássico, mas de andar na moda e de calçar algo que não é usual”, estes sapatos têm um preço recomendad­o de venda que varia entre os 130 e os 200 euros em Portugal, estando presente na cadeia Stara e em “boutiques” de várias cidades. Fora do mercado interno, e além do angolano, o calçado da Lara Guina está também à venda em Taiwan, que já absorve 10% da produção e que está em “forte cresciment­o”, e em lojas na Suíça, Luxemburgo, Alemanha e Hungria.

 ??  ?? Lara Guina, 30 anos, é formada em Psicologia e especializ­ada na área clínica. Depois de um ATL, há três anos apostou parte das A psicóloga Lara Guina recuperou o gosto pelo design e aproveitou a ligação familiar à indústria do calçado para lançar uma...
Lara Guina, 30 anos, é formada em Psicologia e especializ­ada na área clínica. Depois de um ATL, há três anos apostou parte das A psicóloga Lara Guina recuperou o gosto pelo design e aproveitou a ligação familiar à indústria do calçado para lançar uma...

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal