A tolerância tem limites sr. Presidente
Nenhum primeiro-ministro gosta de deixar cair ministros. Desde logo para não mostrar que cede a pressões; mas também porque precisa de pessoas de absoluta confiança. A ministra Urbano de Sousa é um grave erro de “casting” na Administração Interna. O incêndio de Pedrógão não só confirmou isso (todas as falhas críticas são da sua tutela) como acentuou a sua fragilidade. E a informação de ontem, de que em 48 horas o Siresp registou dez falhas graves, deixando 10 pessoas sem ajuda, devia ser suficiente para devolver a ministra à vida civil. O que leva António Costa a mantê-la teimosamente no cargo? A competência técnica? Não. A confiança política e pessoal. A ministra acompanha-o há muito... e até foi assessora jurídica do ministério quando Costa por lá andou. Ela, Rocha Andrade, atual secretário de Estado dos Impostos, e Lacerda Machado, o “pivot” das negociações difíceis (reversão das privatizações e lesados do BES). Qualquer deles tomou conhecimento e/ou participou na renegociação do Siresp quando Costa era ministro ( já agora, não era melhor esclarecerem isso?). A decisão de Costa, de manter a ministra a todo o custo, é um erro grave. O país pode ficar a pensar que a ministra, ao pedir inquéritos à falha de um sistema que ajudou a renegociar, está a proteger-se. A ela e aos restantes atores. Incluindo quem tutelava o Ministério... Ora isso é uma suspeição inaceitável. Daquelas que nenhum Presidente da República (exceto os corta-fitas do Anterior Regime) pode aceitar. Ou pode?