Jornal de Negócios

EDP acusa ERSE de mudança de ideias “consciente e grave”

- Eléctrica entregou na justiça uma análise ao estudo do regulador sobre os CMEC.

A EDP entregou na justiça uma análise ao estudo da ERSE sobre os CMEC onde alega que o regulador mudou de opinião de “forma tão radical” no espaço de poucos meses sobre as metodologi­as a usar para fazer as contas finais destes contratos.

AEDP apresentou novas provas para se defender no processo dos CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual). Aeléctrica entregou no Departamen­to Central de Investigaç­ão e Acção Penal (DCIAP), a 7 de Março, o estudo elaborado pelaEntida­de Reguladora dos Serviços Energético­s (ERSE) relativo a estes contratos e umaanálise suaao estudo, aque o Negócios teve acesso. Recorde-se que a ERSE defende que a EDP tem a receber 154 milhões entre 2017 e 2027 pela parcela variável dos CMEC. Já a EDP diz que tem a receber, pelo menos, 256 milhões, valor que foi apurado pelo grupo de trabalho EDP/REN (GT CMEC). Na sua análise, a eléctrica começa por destacar que a ERSE esteve envolvida nos trabalhos do GT CMEC desde o início. “O GT CMEC discutiu com a ERSE o processo de preparação dos dados, as metodologi­as de aferição das variáveis e os pressupost­os de cálculo de ajustament­o final (...). Nesse âmbito, a ERSE validou vários pressupost­os e metodologi­as a utilizar no cálculo do ajustament­o final”. A EDP contesta a metodologi­a usada pela ERSE para fazer as con- tas finais, consideran­do que o regulador não cumpre a lei. E defende que, para calcular os CMEC até 2027, “deverão ser usados os preços históricos verificado­s nesses 10 anos”, mas que a ERSE decidiu que “no cálculo das médias devem ser utilizados os dados históricos verificado­s, a preços correntes”. Conclusão? A EDP salienta que o “valor recomendad­o pela ERSE de 154 milhões apoia-se, não numa suposta interpreta­ção da metodologi­a de cálculo da estimativa de preços, mas sim no propósito de promover um inflaciona­mento dos preços nos 10 anos anteriores, em desrespeit­o claro pelos dispostos no decreto-lei 240/2004”. A eléctrica recorda ainda que a própria ERSE, no âmbito da coordenaçã­o e monitoriza­ção dos trabalhos daquele grupo de trabalho, “pronunciou-se favoravelm­ente” a considerar a média dos valores históricos dos últimos 10 anos. Salienta também que a análise da ERSE “é contrariad­a por parecer de jurisconsu­lto que sustenta que a metodologi­a adoptada no estudo não encontra suporte adequado, consubstan­ciando efectivame­nte uma violação - consciente e grave - da metodologi­a que estava prevista” e “dos direitos dos produtores com tutela constituci­onal”. A EDP considera que o regulador mudou de ideias no espaço de poucos meses, entre o arranque do grupo de trabalho, na primeira metade de 2017, e a entrega do estudo ao Governo, em Setembro. “Fica, no entanto, por apurar o que terá levado a ERSE a mudar posteriorm­ente de opinião de forma tão radical”, questiona. “Aliás, a própria ERSE reconhece - pelo menos em duas ocasiões no seu estudo - que a sua nova interpreta­ção levanta dúvidas”, diz. Recorde-se que o CEO António Mexia e o administra­dor João Manso Neto foram constituíd­os arguidos no processo dos CMEC, que investiga alegados crimes de corrupção.

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Miguel Baltazar A EDP, liderada por António Mexia, criticou violentame­nte as contas feitas pela ERSE para os contratos CMEC.

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