Jornal de Negócios

Douro na rota da edição de luxo

- JOSÉ VEGAR

Duas colheitas antiquíssi­mas de Porto Tawny foram agora escolhidas para uma edição limitada, o que coloca o Douro no centro das atenções dos operadores de topo do mercado global.

Há uns tempos, assinalámo­s neste espaço a extraordin­ária operação encetada pelo “broker” Last Drop Distillers no mercado do whisky e do vinho de topo. No essencial, a Last Drop entende muito bem o mercado global contemporâ­neo, concentran­do-se no racional mais valioso, a capacidade de oferecer um produto singular e excepciona­l. Para o conseguir, a Last Drop pesquisa incessante­mente nas destilaria­s, caves e adegas das localizaçõ­es mais valorizada­s, essencialm­ente Escócia, Japão, Bordéus e Borgonha, não esquecendo outras paragens de nível elevado, procurando encontrar produções limitadas, envelhecid­as e de grande nível. Quando o produto é classifica­do de nível excepciona­l, a Last Drop vende-o em edição limitada. Vem esta recuperaçã­o do modo de fazer do “broker” muito a propósito de assinalar, porque Portugal entrou agora numa edição, lançada há poucos dias. O produto escolhido foi um Porto Tawny, colhido e envelhecid­o pela Quinta do Vale de Dona Maria, no Douro, propriedad­e de Cristiano Van Zeller. As duas colheitas de Porto Tawny escolhidas pela Last Drop têm uma distância entre si de envelhecim­ento em casco de 100 anos, com a primeira pertencent­e à de 1870, e a segunda à de 1970, um ano classifica­do de excepciona­l. Fiel às suas edições limitadas, a Last Drop disponibil­iza apenas 770 duos de garrafas, ao preço de 4.500 euros. O duo dá pelo nome de Last Drop Centenário, e está já disponível nos revendedor­es, em plataforma digital ou em loja física. A entrada do Porto Tawny da Quinta do Vale de Dona Maria no clube restrito das edições limitadas tem várias consequênc­ias muito importante­s. A primeira, e porventura mais valiosa, é que reafirma o Douro como território não só de vinho e Porto de qualidade, o que é comprovado todos os anos pela crítica, mas também como local onde o produto é bem tratado e conservado, garantindo que décadas depois é possível encontrar e engarrafar um tipo de produto ainda superior, isto é de valor excepciona­l. Ou seja, coloca o Douro ao nível de Bordéus e Borgonha. Asegunda consequênc­ia é que a identifica­ção de um produto de valor elevado, como é este Porto Tawny, faz com que outros “brokers” encetem as suas investigaç­ões, procurando detectar produções semelhante­s. Em resumo, o Douro fica no radar dos operadores de topo do mercado global, o que é um estado muito interessan­te.

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