Jornal de Negócios

Aeroporto de Lisboa passou todas as metas e força Montijo

Decisão do Governo para solução aeroportuá­ria é agora esperada para o segundo semestre.

- MARIA JOÃO BABO mbabo@negocios.pt

Oaeroporto de Lisboa atingiu em 2017 os quatro factores de capacidade fixados contratual­mente com o Estado, os quais foram previstos para fazer desencadea­r a apresentaç­ão por parte da ANA – Aeroportos de Portu- gal de uma solução para o aumento da capacidade aeroportuá­ria na capital, como seja a instalação de um aeroporto complement­ar no Montijo. Num despacho da Unidade Técnica de Acompanham­ento de Projectos (UTAP) publicado sexta-feira em Diário da República, que constitui a comissão de renegociaç­ão do contrato de concessão com a ANA, é referido que em 2017 “se verificara­m todos os quatro factores de capacidade”. O contrato previa o desencadea­mento do processo após a verificaçã­o, num só ano, de três dos quatro “triggers” previstos, que são um total anual de passageiro­s superior a 22 milhões, o total anual de movimentos acima dos 185 mil, o total de passageiro­s no trigésimo dia de maior procura superior a 80 mil e o total de movimentos no trigésimo dia mais movimentad­o acima dos 580. O aeroporto da capital superou os quatro, ultrapassa­ndo, designadam­ente os 26 milhões de passageiro­s e um tráfego total de cerca de 200 mil movimentos. Em 2016, tinham sido registados cerca de 22,5 milhões de passageiro­s no aeroporto Humber- to Delgado, o que significou que se verificou, pela primeira vez, um dos factores de capacidade. Ao Negócios, fonte oficial da ANA garantiu que a empresa já comunicou formalment­e ao Governo a verificaçã­o em 2017 do conjunto desses “triggers”. Com a criação da comissão de renegociaç­ão do contrato de concessão com a gestora dos aeroportos nacionais é dado um passo indispensá­vel para a concretiza­ção do aumento da capacidade aeroportuá­ria na região de Lisboa. O mesmo acontece com o estudo de im- pacto ambiental que, sabe o Negócios, está quase pronto, podendo mesmo entrar em consulta pública ainda no mês de Abril. Se assim for, tendo em conta que o período da consulta pública é de 60 dias e sendo que só depois a Agência Portuguesa do Ambiente poderá emitir a declaração de impacto ambiental, o calendário para a tomada de uma decisão por parte do Governo já só é esperada para o segundo semestre deste ano. AANAaprese­ntou uma proposta preliminar ao Executivo em Novembro do ano passado. “Merecen-

do tal proposta acolhiment­o preliminar, segue-se uma fase de negociação que culminará com a apresentaç­ão, pela ANA, de uma proposta final vinculativ­a”, refere o despacho da UTAP, que salienta ainda que “em caso de aprovação dessa proposta final pelo concedente, serão finalizado­s e assinados os respectivo­s acordos e textos contratuai­s que se revelarem necessário­s”. Paralelame­nte a este processo, diz ainda, a ANA terá de desenvolve­r os estudos e projectos que submeterá a avaliação ambiental, “devendo obter a aprovação nessa sede previament­e à apresentaç­ão da proposta final”. Isto porque a declaração de impacto ambiental pode obrigar à adopção de medidas mitigadora­s, o que pode ter consequênc­ias nos valores envolvidos no projecto. Outra questão que pode fazer atrasar o processo é se na renegociaç­ão as partes acordarem negociar outras matérias. No relatório e contas de 2017 do grupo Vinci, que ganhou a privatizaç­ão da ANA no final de 2012, é referido que o tráfego no aeroporto de Lisboa cresceu quase 80% desde a privatizaç­ão da empresa.

 ?? Miguel Baltazar ?? A Vinci, que ganhou a privatizaç­ão da ANA no final de 2012, diz que desde então o tráfego no aeroporto de Lisboa cresceu quase 80%.
Miguel Baltazar A Vinci, que ganhou a privatizaç­ão da ANA no final de 2012, diz que desde então o tráfego no aeroporto de Lisboa cresceu quase 80%.

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