Santander acaba com legado financeiro de Champalimaud
Pinto & Sotto Mayor, Mundial Confiança e Crédito Predial Português já não existiam nas finanças nacionais. Os vestígios do Totta & Açores preparam-se para desaparecer.
Ao deixar cair Totta da denominação, o Santander acaba com a última marca herdada do império de António Champalimaud na área financeira. O fim das insígnias deste sector associadas ao empresário industrial foi ditado pelo grupo a que quis vender todo o negócio. No final dos anos 90, foi precisamente com o grupo espanhol, na altura Banco Santander Central Hispano, que Champalimaud chegou a acordo para a venda de toda a presença no sector financeiro. Não houve aval das autoridades portuguesas para que a transacção se concretizasse, com a justificação de que se evitava a fuga dos centros de decisão nacional. O empresário usou a expressão “pipa de massa” para falar daquele negócio, que acabou, no entanto, por ter de ser repensado Com a mão do Governo de António Guterres, nomeadamente do ministro Pina Moura, é a estatal Caixa Geral de Depósitos que compra a operação Champalimaud: a “holding ” Companhia de Seguros Mundial Confiança, o Banco Pinto & Sotto Mayor, o Banco Totta & Açores e o Crédito Predial Português são os negócios transferidos. Tirando Totta, nenhum destes nomes se mantém actualmente. O que irá mudar brevemente, com a decisão do Santander de alterar a designação da instituição para Santander Portugal. O Totta fará, assim, um caminho já seguido pelas marcas a que esteve ligado no grupo Champalimaud. No acordo que teve lugar no final dos anos 90 e início dos anos 2000, o Banco Pinto & Sotto Mayor seguiu para o Banco Comercial Português, em que na década seguinte a designação Millennium ganhou predominância. O Totta & Açores e o Crédito Predial Português foram para o espanhol Banco Santander Central Hispano, como previsto no acordo governamental que envolveu a CGD. Em 2004, nasce o Banco Santander Totta, que eliminou a rede do Crédito Predial e perdeu o Açores do nome. Nos seguros, a Mundial Confiança ficou na Caixa Geral de Depósitos também na sequência daquele negócio que contou com a intervenção governamental. No banco público estava já a Fidelidade, que recebeu a concorrente. Em 2004, a marca passou a ser única: Fidelidade Mundial. Mas a empresa receberia depois a Império Bonança, comprada ao BCP. Em 2013, acaba a duplicidade de marcas de companhias seguradoras: ficou apenas a Fidelidade. Foi assim que a maioria do capital da companhia seguradora foi alienada aos chineses da Fosun, já sem qualquer vestígio de Champalimaud no nome.