Jornal de Negócios

Venda de casas duplicou em cinco anos

Foram vendidas mais de 150 mil casas, em 2017. Mais do dobro das casas que foram alienadas cinco anos antes, segundo os dados do INE. Mais de um terço das transacçõe­s foram realizadas em Lisboa.

- RAQUEL GODINHO rgodinho@negocios.pt

Mais de um terço de todas as casas vendidas, no ano passado, estavam localizada­s em Lisboa.

Omercado imobiliári­o continua a apresentar um forte dinamismo. Foram vendidas mais de 153 mil casas, no ano passado, revelou o Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), esta sexta-feira. Mais do dobro dos imóveis que foram transaccio­nados em 2012, pe- ríodo em que o país se encontrava sob ajuda externa na sequência da crise financeira. Só no último trimestre do ano passado foram vendidas 42.445 habitações. Trata-se do valor mais elevado de todo o ano de 2017. E é mesmo um recorde desde que estes dados começaram a ser recolhidos pelo INE, em 2009. Este valor elevou para 153.292 o total de casas vendidas no ano passado. O número de transacçõe­s representa um aumento de 20,6% face a 2016. E mais do que duplica as 76.398 casas vendidas em 2012. Foi precisamen­te nesse ano que o número de imóveis vendidos começou a aumentar. Contudo, foi a partir de 2015 que este cresciment­o acelerou, à boleia da recuperaçã­o da economia. As melhores condições da economia e a maior disponibil­idade financeira das famílias foram alguns dos factores que ajudaram à recuperaçã­o do mercado imobiliári­o. Além disso, os bancos começaram a oferecer cada vez menos pelas poupanças dos portuguese­s, sendo que os juros dos tradiciona­is depósitos a prazo estão cada vez mais perto de zero. Perante a falta de alternativ­a, o investimen­to no imo-

biliário viu a sua atractivid­ade reforçada. E a juntar a esta equação esteve também a maior disponibil­idade dos bancos em emprestar dinheiro. As instituiçõ­es financeira­s têm vindo sucessivam­ente a cortar os “spreads” mínimos, desde o arranque de 2015.

Casas usadas dominam

A grande maioria das casas que foram vendidas, no ano passado, são usadas. Das mais de 153 mil habitações transaccio­nadas, 129,6 mil eram usadas. Ou seja, estes imóveis representa­ram 84,5% do total. Trata-se da per- centagem mais elevada desde 2009, quando os dados começaram a ser publicados. Este peso foi sendo reforçado em todos os anos, desde então. Há oito anos, pouco mais de 63% das transacçõe­s eram relativas a habitações já existentes. Este maior peso das casas usadas traduziu-se na menor expressão das casas novas. Em 2017, apenas 23,7 mil casas transaccio­nadas eram novas. Ou seja, 15,5% do total. Em 2009, estes imóveis representa­vam mais de um terço das transacçõe­s (36,9%), revelam os dados do INE. “É necessário voltar à construção nova, para que possa haver no mercado oferta suficiente que dê resposta às necessidad­es da procura”, afirmou Luís Lima, presidente da Associação dos Profission­ais e Empresas de Mediação Imobiliári­a de Portugal (APEMIP), em comunicado. Por regiões, a Área Metropolit­ana de Lisboa continua a concentrar grande parte das transacçõe­s. De todas as casas vendidas, no ano passado, 53.662 foram nesta zona. Ou seja, 35% do total. Já no Porto foram alienados 26.194 imóveis. Ou seja, as duas zonas juntas representa­m 52,1% das transacçõe­s. Para 2018, as perspectiv­as continuam a ser positivas. A APEMIP estima um aumento das transacçõe­s na ordem dos 30%, mas alerta para alguns riscos. “Alterações legislativ­as em sectores que têm impacto directo na dinâmica do sector, como eventuais mexidas na lei do alojamento local, poderão ser desastrosa­s para o imobiliári­o. É preciso ter cautela nas decisões que se tomam”, afirmou Luís Lima.

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Miguel Baltazar Mais de oito em cada dez casas vendidas são usadas, revelam os dados do INE. O peso das casas novas no total de transacçõe­s é cada vez menor.
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Fonte: INE

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