Quase metade dos imóveis foram comprados a crédito
A percentagem de casas que foram compradas com recurso ao financiamento bancário aumentou, no ano passado. Desde 2011 que as transacções a pronto não pesavam tão pouco.
As vendas de casas, em 2017, ascenderam a 19,3 mil milhões de euros, revela o INE.
A maior disponibilidade dos bancos para a concessão de crédito foi determinante para a recuperação do mercado imobiliário, nos últimos anos. Há sete anos que não era emprestado tanto dinheiro. E este valor tem permitido um reforço das transacções feitas a crédito em detrimento daquelas que são feitas a pronto. Foram vendidas 153.292 casas, no ano passado, revelam os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Mais 21% do que um ano antes e um máximo desde 2009, quando estes dados começaram a ser recolhidos. Estas transacções ascenderam a 19,3 mil milhões de euros, também o valor mais elevado em oito anos. De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal, no ano passado, as novas operações de crédito à habitação ascenderam a 8,3 mil milhões de euros, um máximo desde 2010. Isto revela que 42,7% das transacções imobiliárias de 2017 foram concretizadas com recurso ao financiamento bancário. Esta é a percentagem de casas compradas a crédito mais elevada desde 2011, ano marcado pelo pedido de ajuda externa e onde se assistiu ao fecho da “torneira” por parte das instituições financeiras. Antes disso, mais de 60% das casas eram vendidas a crédito, revela este cruzamento dos dados do INE e do Banco de Portugal. Se a percentagem de imóveis adquiridos através de financiamento bancário tem vindo a aumentar, isso significa que o peso das casas compradas a pronto tem vindo a recuar. Em 2017, mais de 57% das habitações foram pagas no acto da compra. E este peso já foi bem mais significativo. Atingiu os 75,8%, em 2014. Contudo, quando o INE começou a divulgar estes números, em 2009, as transacções a pronto significavam pouco mais de um terço do total. Ao longo dos últimos anos, os bancos reposicionaram a sua estratégia no segmento do crédito à habitação, um produto que lhes garante clientes “fidelizados” por um longo período de tempo. A maior disponibilidade das instituições financeiras em emprestar dinheiro traduziu-se numa redução acelerada dos “spreads”. Actualmente, a margem média do mercado já está abaixo de 1,5%. Só desde o início deste ano, três bancos já anunciaram a redução da taxa de juro. Ao mesmo tempo, os bancos têm avançado com campanhas para seduzir os clientes, onde oferecem algumas das comissões e despesas exigidas e também disponibilizam respostas rápidas aos pedidos de financiamento.