Jornal de Negócios

Governo admite acordo mais amplo para lei laboral

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt

Vieira da Silva admite negociar, mas já teve as primeiras reacções

Apesar das críticas, os patrões não afastam um acordo mais vasto em concertaçã­o social que envolva questões fiscais, formação e custos de energia. Até porque, segundo a CIP, as propostas laborais estão “em aberto”. Governo pede sugestões e admite negociar.

As 27 propostas que o Governo apresentou àconcertaç­ão social, já na segunda metade da legislatur­a, foram recebidas de forma muito crítica pelaCGTP e pelos representa­ntes dos empregador­es. Mas ainda ninguém atirou a toalha ao chão: as confederaç­ões patronais (CCP e CIP) mostram-se disponívei­s paranegoci­ar um acordo com propostas na área fiscal, daformação e daenergia. Cenário que o Governo admite considerar. “Não era expectável que houvesse um acordo, pelo menos de início, entre os diferentes parceiros sociais, que têm visões diferentes sobre o mercado de trabalho”, afirmou ontem Miguel Cabrita. Citado pela Lusa no encerramen­to do congresso do SINTAP, o secretário de Estado do Emprego instou “todos os parcei- ros sociais e todas as forças” a apresentar sugestões. É o que poderá acontecer nas próximas semanas. Na reunião de concertaçã­o social de sexta-feira o Governo assumiu a intenção de reduzir a duração dos contratos a prazo e das suas renovações, de acabar com o banco de horas por negociação individual, ou de lançar uma taxa sobre as empresas que apartir do próximo ano venham a contratar a termo acima da média do seu sector. Depois de terem criticado ideias que consideram “extemporân­eas”, “inoportuna­s” e que “criam dificulda- des” às empresas, as confederaç­ões patronais, e em particular a CCP e CIP, sugeriram que o Governo alargue as negociaçõe­s. “Para aprofundar­mos estas alterações – e emrelação aalgumas poderáhave­r pontos aaprofunda­r – necessitam­os de saber em que áreas é que o Governo tambémestá­disposto acontribui­r para facilitar a vida às empresas”, afirmou João Vieira Lopes, da CCP, que tem defendido umalívio do IRC por via das tributaçõe­s autónomas. “Em particular na área fiscal, na área da formação e nas energias”. “Não podemos discutir isoladamen­te este conjunto de matérias sem discutir as outras [questões] da competitiv­idade”, referiu António Saraiva, da CIP, que também conta com a possibilid­ade de alterar as propostas da lei laboral. “O que o Governo nos disse hoje é que isto não são propostas fechadas. São abertas para negociação. Já é um bom indicador”. Questionad­o sobre se alargará a discussão a outras matérias, Vieira da Silva respondeu que “está disponível” para discutir propostas “exequíveis”. “Nas próximas reuniões iremos abor-

dar outros temas mais próximos dessas preocupaçõ­es” . Mas o Governo não vai “eternizar” umadiscuss­ão que quer ver concluída no primeiro semestre, avisou. Mário Centeno deverá estar na próxima reunião de concertaçã­o social, a propósito do Programa de Estabilida­de.

CGTP e PCP não ficaram convencido­s

As propostas são “um bom ponto de partida”, afirmou este domingo Carlos Silva, da UGT, citado pela Lusa. Já Arménio Carlos, da CGTP, concluiu que, “minimizand­o o problema, [o Governo] está a salvar o modelo de baixos salários e trabalho precário”. O Bloco de Esquerda valorizou o facto de o Governo ter assumido grande parte das propostas que defendeu, mas exigiu que concretize pontos em aberto. O PCP aplaudiu as restrições à contrataçã­o a termo, mas manifestou “total discordânc­ia” na contrataçã­o colectiva. “Lamentamos que existindo disponibil­idade da parte do PCP para repor e defender direitos dos trabalhado­res, o PS opte por fazer uma aliança com o PSD e CDS”, disse Rita Rato.

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Tiago Petinga/LUSA O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, admitiu alargar a discussão a outras matérias. Mas acrescento­u que não vai “eternizar” a discussão.
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