“Melhor coordenação de meios teria evitado propagação do fogo”
A Visabeira também foi “apanhada” pelos incêndios. Mas Nuno Miguel Marques acredita que a “responsabilidade é de todos”, não apontando o dedo a ninguém. Mas uma melhor coordenação dos meios teria ajudado.
Os incêndios de Outubro apanharam também a Visabeira. Não apenas rodeando um empreendimento turístico, mas destruindo um dos seus armazéns.
No vosso empreendimento turístico na Aguieira sofreram, em Outubro, com os incêndios. Já conseguiram recuperar?
Já. O Montebelo Aguieira esteve cercado pelo fogo, assim como o nosso campo de golfe.
Tiveram prejuízos? Consegue quantificá-los?
Neste momento, ambas as unidades estão já em exploração corrente. Já estão recuperados. Tivemos prejuízos, mas não consigo quantificar, são alguns milhões de euros. Não foram só na parte da cadeia hoteleira. Um armazém central que tínhamos com equipamento e materiais também ardeu. Criou constrangimentos operacionais e económicos, foi de facto um problema.
Já é conhecido o relatório sobre os incêndios de Outubro. Sentiu, na altura, que houve uma falta de socorro no terreno que levou a que isto acontecesse? Poderia ter sido evitada?
Julgo que todas estas catástrofes podem e devem ser evitadas. Hásempre acções que se têm de tomar de forma a evitá-las. Uma melhor coordenação de todos os meios teria, se calhar, efectuado uma reacção bastante mais rápida e com isso evitar a propagação daquele fogo.
Quem responsabilizam?
É difícil. A responsabilidade é de todos. É do país. Estas situações ocorreram outras vezes, não com esta gravidade. O ano passado foi infelizmen- te propício a estas calamidade e acredito que, como se costuma dizer, casa roubada trancas à porta e estamos a aprender, e aprendemos, com os erros e seguramente estão a ser tomadas medidas para que estas calamidades, estes infortúnios, tenham uma reacção e um meio de extinção mais rápido e eficaz.
As medidas que estão a ser propostas, nomeadamente ao nível da limpeza dos terrenos, vão ser suficientes para no futuro próximo não haver situações como a do ano passado?
Essa é aquela que é mais conhecida, naturalmente pode ajudar. É fundamental para que este tipo de incêndios não ocorram. Agora, tem de ser com o poder político, mas também com os privados, tem de haver um trabalho, legislação e enquadramento para isso. Mas uma coordenação entre todos os órgãos públicos que têm influência neste tipo de reacções a estes eventos é muito importante também.
No caso específico da Visabeira, o que mudou na vossa actuação este ano para que não volte a acontecer? E o que falhou no vosso caso?
No nosso caso, não falhou nada. No nosso caso, fomos vítimas do que ocorreu. O empreendimento da Aguieira está num local magnífico com um enquadramento muito bom. Naturalmente, tinha muita vegetação e pinheiros à volta e, portanto, ardeu. Nós não tínhamos de actuar de outra maneira. Não fomos nós que fomos o “trigger” para aquilo ter ocorrido. Não podemos modificar a nossa actuação neste caso porque fomos vítimas. Agora, aquilo que todos temos de fazer é a consciencialização de todas as pessoas e meios para que haja medidas para que não potenciem este tipo de eventos.
Vão estar de algum modo envolvidos na recuperação das infra-estruturas de comunicações que estão a ser levadas a efeito?
Nós estamos envolvidos efectiva- mente na recuperação.
Em que medida?
Na construção das redes de fibra óptica que estão a ser efectuadas na ligação de clientes e na instalação de clientes novos.
Qual é a dimensão desse envolvimento?
Estamos a construir centenas de quilómetros de redes de fibra óptica naquela região, na região ardida e não só, e noutros investimentos ao longo do país que estão a ser levados a cabo pelos principais operadores.
Foram contratados pela Altice e pela Nos?
Somos um dos principais prestadores de serviços quer da Altice Portugal quer da Nos. Portanto, somos um parceiro relevante na construção, operação e manutenção de redes. As zonas afectadas são zonas onde actuamos e, portanto, fomos contratados para fazer parte da recuperação daquela rede.