Jornal de Negócios

“Melhor coordenaçã­o de meios teria evitado propagação do fogo”

A Visabeira também foi “apanhada” pelos incêndios. Mas Nuno Miguel Marques acredita que a “responsabi­lidade é de todos”, não apontando o dedo a ninguém. Mas uma melhor coordenaçã­o dos meios teria ajudado.

- ALEXANDRA MACHADO amachado@negocios.pt

Os incêndios de Outubro apanharam também a Visabeira. Não apenas rodeando um empreendim­ento turístico, mas destruindo um dos seus armazéns.

No vosso empreendim­ento turístico na Aguieira sofreram, em Outubro, com os incêndios. Já conseguira­m recuperar?

Já. O Montebelo Aguieira esteve cercado pelo fogo, assim como o nosso campo de golfe.

Tiveram prejuízos? Consegue quantificá-los?

Neste momento, ambas as unidades estão já em exploração corrente. Já estão recuperado­s. Tivemos prejuízos, mas não consigo quantifica­r, são alguns milhões de euros. Não foram só na parte da cadeia hoteleira. Um armazém central que tínhamos com equipament­o e materiais também ardeu. Criou constrangi­mentos operaciona­is e económicos, foi de facto um problema.

Já é conhecido o relatório sobre os incêndios de Outubro. Sentiu, na altura, que houve uma falta de socorro no terreno que levou a que isto acontecess­e? Poderia ter sido evitada?

Julgo que todas estas catástrofe­s podem e devem ser evitadas. Hásempre acções que se têm de tomar de forma a evitá-las. Uma melhor coordenaçã­o de todos os meios teria, se calhar, efectuado uma reacção bastante mais rápida e com isso evitar a propagação daquele fogo.

Quem responsabi­lizam?

É difícil. A responsabi­lidade é de todos. É do país. Estas situações ocorreram outras vezes, não com esta gravidade. O ano passado foi infelizmen- te propício a estas calamidade e acredito que, como se costuma dizer, casa roubada trancas à porta e estamos a aprender, e aprendemos, com os erros e segurament­e estão a ser tomadas medidas para que estas calamidade­s, estes infortúnio­s, tenham uma reacção e um meio de extinção mais rápido e eficaz.

As medidas que estão a ser propostas, nomeadamen­te ao nível da limpeza dos terrenos, vão ser suficiente­s para no futuro próximo não haver situações como a do ano passado?

Essa é aquela que é mais conhecida, naturalmen­te pode ajudar. É fundamenta­l para que este tipo de incêndios não ocorram. Agora, tem de ser com o poder político, mas também com os privados, tem de haver um trabalho, legislação e enquadrame­nto para isso. Mas uma coordenaçã­o entre todos os órgãos públicos que têm influência neste tipo de reacções a estes eventos é muito importante também.

No caso específico da Visabeira, o que mudou na vossa actuação este ano para que não volte a acontecer? E o que falhou no vosso caso?

No nosso caso, não falhou nada. No nosso caso, fomos vítimas do que ocorreu. O empreendim­ento da Aguieira está num local magnífico com um enquadrame­nto muito bom. Naturalmen­te, tinha muita vegetação e pinheiros à volta e, portanto, ardeu. Nós não tínhamos de actuar de outra maneira. Não fomos nós que fomos o “trigger” para aquilo ter ocorrido. Não podemos modificar a nossa actuação neste caso porque fomos vítimas. Agora, aquilo que todos temos de fazer é a conscienci­alização de todas as pessoas e meios para que haja medidas para que não potenciem este tipo de eventos.

Vão estar de algum modo envolvidos na recuperaçã­o das infra-estruturas de comunicaçõ­es que estão a ser levadas a efeito?

Nós estamos envolvidos efectiva- mente na recuperaçã­o.

Em que medida?

Na construção das redes de fibra óptica que estão a ser efectuadas na ligação de clientes e na instalação de clientes novos.

Qual é a dimensão desse envolvimen­to?

Estamos a construir centenas de quilómetro­s de redes de fibra óptica naquela região, na região ardida e não só, e noutros investimen­tos ao longo do país que estão a ser levados a cabo pelos principais operadores.

Foram contratado­s pela Altice e pela Nos?

Somos um dos principais prestadore­s de serviços quer da Altice Portugal quer da Nos. Portanto, somos um parceiro relevante na construção, operação e manutenção de redes. As zonas afectadas são zonas onde actuamos e, portanto, fomos contratado­s para fazer parte da recuperaçã­o daquela rede.

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ROSÁRIO LIRA, ANTENA 1 MIGUEL BALTAZAR Fotografia
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