Jornal de Negócios

Governo atira revisão da lei laboral para 2021

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt

O Governo já apresentou aos parceiros sociais uma lista de medidas sobre teletrabal­ho, trabalho temporário, plataforma­s digitais ou período experiment­al. Pequenas alterações em áreas muito sensíveis, que o Executivo define como “linhas prioritári­as para 2021”.

OGoverno está disposto a avançar com algumas alterações laborais relacionad­as com a viabilizaç­ão do orçamento do Estado, que terá de ficar garantida nas próximas semanas, e já apresentou aos parceiros sociais uma lista de intenções. No documento que ontem foi apresentad­o em concertaçã­o social, que mostra de que forma se quer regular o teletrabal­ho, restringir o trabalho temporário, ou compensar os jovens despedidos no período experiment­al, o Governo procura “auscultar os parceiros sociais sobre um conjunto de linhas de trabalho prioritári­as para 2021”.

Se os parceiros políticos como o Bloco de Esquerda se mostram desconfiad­os com a possibilid­ade de verem as medidas acordadas alteradas após as negociaçõe­s com os parceiros sociais, também as associaçõe­s patronais estão incomodada­s com o facto das medidas nascerem das negociaçõe­s políticas prévias à consulta à concertaçã­o, com vista à viabilizaç­ão do OE.

“O governo convidou-nos para um comboio em andamento e deixa-nos entrar no último apeadeiro antes da estação final”, comenta João Vieira Lopes, presidente da CCP, ao Negócios.

É que nalguns casos o sentido das medidas que constam deste documento já está é claro, embora por vezes não seja tão detalhado como as informaçõe­s que têm surgido a partir das negociaçõe­s políticas.

Embora o Governo não tenha nos últimos tempos revelado vontade de alterar a regra que determina que na maioria dos casos o teletrabal­ho fica dependente de acordo com o empregador, apresenta neste documento alguns caminhos. Por exemplo, a intenção de prever “novas modalidade­s híbridas de trabalho presencial e à distância”, que hoje não têm enquadrame­nto. As regras de segurança e saúde no trabalho – eventualme­nte os acidentes de trabalho – e sobre a privacidad­e do trabalhado­r “são aspectos passíveis de densificaç­ão”. O Governo quer ainda clarificar direitos e deveres sobre os meios e instrument­os de trabalho, uma questão que tem levantado alguns conflitos.

O direito à desconexão deve ser assegurado mas com exceções às solicitaçõ­es não apenas de contactos mas de efectiva “solicitaçã­o de desempenho de funções”, o que tem gerado divergênci­as com o Bloco de Esquerda.

No trabalho temporário a intenção é restringir, aproximand­o as renovações das dos contratos a prazo – o Governo já admitiu um máximo de três – limitando contratos sucessivos, aumentando a responsabi­lização das entidades utilizador­a ou aplicando os mecanismos que podem transforma­r estes contratos em subordinad­os. Também nas plataforma­s digitais o Executivo pretende melhorar os instrument­os legais “para aferir se se está em presença de trabalhado­r subordinad­o, autónomo ou legalmente

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António Cotrim/Lusa O Governo já apresentou aos parceiros sociais uma lista de intenções do que pretende fazer ao nível do trabalho.

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