“Quase todas as pessoas suportam a adversidade, mas, se quiserem testar o carácter de alguém, dêem-lhe poder”
Abraham Lincoln
SINAIS CONFUSOS
Este ano, tenho viajado cá dentro – quer dizer, tenho sobretudo andado por diversos pontos do país, de carro. Ao longo de todas as viagens deparei-me com um fenómeno constante: a sinalização e as indicações de destinos existentes nas estradas não são coerentes no espaço de poucos quilómetros, quase sempre são confusas e serão muito adequadas para quem conhece a estrada, mas completamente inúteis para quem por lá passa pela primeira vez. Não creio que fosse muito difícil garantir que uma direcção se mantivesse presente, em vez de surgirem variantes que só servem para baralhar. Mas há uma novidade, vinda aliás do Governo e do Parlamento. A proposta de Orçamento do Estado para 2021 parece uma estrada mal sinalizada. Surgem indicações contraditórias, há falta de consistência na informação, contradição entre as narrativas dos destinatários. E o destino apresenta-se incerto: o Bloco faz ultimatos, o PCP esconde-se num tabu, o PAN baralha as contas, o PSD perdeu o GPS e não sabe para onde há-de ir, o PS ameaça com crise política e o Presidente da República coloca sinais de STOP por todo o lado, baralhando ainda mais o trânsito. A verdade é esta: o percurso está difícil, a viagem é acidentada e falta descobrir qual a melhor saída para o país prosseguir viagem.