Jornal de Negócios

Novo lay-off vai continuar em 2021. Falta saber como

A disponibil­idade foi manifestad­a pelo ministro da Economia, Siza Vieira, que diz que o orçamento tem algumas centenas de milhões de euros reservadas para este fim. Governo admite ainda compensar empresas pelo aumento do salário mínimo.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt

OGoverno está disponível para alargar o chamado “apoio à retoma progressiv­a”, que veio substituir o lay-off simplifica­do, ao longo do ano de 2021, admitindo até aprofundar os apoios. Nos termos da legislação em vigor, este programa terminava em Dezembro.

A disponibil­idade foi manifestad­a esta quinta-feira pelo ministro da Economia, Siza Vieira, que indicou que o orçamento do Estado reserva algumas centenas de milhões de euros para este fim.

“Vamos continuar a manter esses apoios ao emprego e temos ainda a disponibil­idade para ir mais longe”, afirmou Siza Vieira, no final de uma reunião de concertaçã­o social.

Quanto ao apoio à retoma progressiv­a, “entendemos que pode ser necessário continuar a manter esse regime com as afinações que possam ser necessária­s durante o primeiro semestre do próximo ano e temos capacidade, se for caso disso, para alargar essas medidas tendo em conta os instrument­os europeus”, disse.

Confrontad­o com as críticas das associaçõe­s patronais, que têm dito que este orçamento não é um apoio às empresas, o ministro procurou sublinhar que há várias possibilid­ades de financiame­nto em cima da mesa.

“O orçamento é apenas uma peça das muitas respostas que temos” para responder às “necessidad­es da economia e da sociedade. Temos o REACT EU, o SURE e o plano de recuperaçã­o e resiliênci­a com verbas muito significat­ivas e dirigidas para o apoio às empresas. Portanto olhar apenas para o OE e dizer que não acautela a situação das empresas é redutor”, disse.

“Vamos também lançar medidas para capitaliza­ção das empresas no primeiro semestre”, com o objetivo de “evitar um problema sistémico de insolvênci­a”.

Abertura para negociar à esquerda

Ao mesmo tempo que procurava responder às críticas das associaçõe­s patronais – sublinhand­o que o Governo está “absolutame­nte preparado para continuar a disponibil­izar apoios às empresas” – Siza Vieira também mostrou disponibil­idade para continuar a negociar com a esquerda matérias como o novo apoio social ou o valor mínimo do subsídio de desemprego.

É que, segundo argumentou, se não houver um orçamento aprovado não haverá apoios nem para as empresas nem para as famílias.

“O que sabemos é que se não for aprovado não há nenhuma hipótese de trabalhar seja nesse sentido seja de concretiza­r as medidas que já constam da proposta de lei e que já preveem uma elevação do subsídio de desemprego dos trabalhado­res que tiveram a tempo inteiro para o limiar de pobreza”, disse o ministro da Economia.

Foi em resposta às reivindica­ções do PCP e do Bloco que o Governo resolveu aprovar a suspensão dos prazos que levam à caducidade das convenções coletivas, por dois anos, um assunto que também foi discutido em concertaçã­o social.

Siza Vieira mostra no entanto pouca vontade de aprofundar as

“Estamos absolutame­nte preparados para continuar a dar apoios às empresas. SIZA VIEIRA Ministro da Economia

restrições aos despedimen­tos. “Não podemos proibir despedimen­tos por decreto. Se o fizermos as empresas encerram”.

Confrontad­o com a denúncia de Isabel Camarinha, da CGTP, que disse que há uma série de empresas que recorreram a vários apoios do Estado e que estão agora a despedir, Siza Vieira deu a entender que o número global de despedimen­tos coletivos ainda não estará a aumentar. “Já há aí um conjunto de despedimen­tos coletivos em curso”, disse a líder da CGTP, dando um exemplo que envolve 116 trabalhado­res.

 ?? António Cotrim/Lusa ?? O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, estiveram ontem reunidos com os parceiros sociais.
António Cotrim/Lusa O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, estiveram ontem reunidos com os parceiros sociais.

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