Jornal de Negócios

Alocação de mil técnicos superiores “tem de ser focada na gestão dos fundos”

O Governo está há mais de um ano a preparar a seleção de mil novos técnicos superiores, que deverão entrar no início de 2021. Ministra defende uma “alocação criteriosa aos serviços considerad­os de ponta”.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt ROSÁRIO LIRA, ANTENA 1 JOÃO CORTESÃO Fotografia

Aregra global de contrataçã­o de trabalhado­res não impede que alguns serviços saiam a perder no próximo ano. Uma das prioridade­s é alocar os mil técnicos superiores em particular à gestão de fundos.

O Bloco de Esquerda considera que não basta que o Governo reitere a meta de contrataçã­o de funcionári­os para o SNS que já estava prevista e que é necessário criar condições para que haja um efetivo reforço. O que é que se pode fazer a este nível?

É muito por causa do SNS que nas últimas contas do sistema de informação da DGAEP nós temos um aumento líquido do número de trabalhado­res da administra­ção pública, chegámos aos 705 mil. Esses números são a prova desse investimen­to muito forte. Agora, em 2021 temos de cumprir a regra de um por um [pelo menos uma entrada por cada saída], porque se há um cresciment­o líquido num setor há outros setores em que não há cresciment­o, há até um decréscimo. E num momento em que a administra­ção pública vai ser chamada à execução de um quadro comunitári­o sem precedente­s, que passa por pareceres que é preciso dar para fazer investimen­tos, por análises que é preciso fazer, é preciso não descurar o reforço desses técnicos superiores. Já foi aprovada uma proposta de lei de simplifica­ção de procedimen­tos ao nível do Código do Procedimen­to Administra­tivo. Na outra dimensão de recursos humanos vão começar a chegar aos serviços nos primeiros dois, três meses do próximo ano os mil técnicos superiores do recrutamen­to centraliza­do em áreas como economia, planeament­o, jurídico.

Pode haver serviços que saiam a perder.

Mas o que é preciso fazer, e é isso que estamos fazer agora, é uma alocação criteriosa dos mil técnicos superiores aos serviços considerad­os de ponta – permitam-me a expressão – exatamente para as prioridade­s do próximo ano. Já disse abundantem­ente que o combate à pandemia e o SNS são a prioridade mas agora falando, enfim, das outras necessidad­es, os serviços principais são aqueles que têm por exemplo de intervir nos procedimen­tos de execução de fundos, são aqueles na área do planeament­o. Essa alocação dos mil técnicos tem de ser muito criteriosa e muito focada na execução dos fundos.

O que depreendo do que diz é que a administra­ção pública ainda não está preparada neste momento preparada para executar o Programa de Recuperaçã­o e Resiliênci­a.

Não foi isso que eu disse. Disse duas coisas: por um lado há que simplifica­r procedimen­tos e há uma simplifica­ção de procedimen­tos que já foi aprovada. Do ponto de vista dos trabalhado­res da administra­ção pública nós estamos a recuperar número de trabalhado­res da administra­ção pública de há três anos para cá, ainda não estamos ao nível de 2011 mas quase.

O Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a prevê 1,5 mil milhões de euros para a administra­ção pública. Como vai investir este dinheiro?

De facto, boa parte da dimensão de reforma estrutural da administra­ção pública não está no Orçamento, está no Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a. Do ponto de vista da dimensão transição digital, a administra­ção pública tem a maior fatia – sensivelme­nte os 1,5 mil milhões que referiu – que visam essencialm­ente dois grandes grupos. Um grupo mais transversa­l que tem dois grandes projetos: a criação de um portal de interopera­bilidade e que cria um interface único com o cidadão. Ou seja, centraliza­r num único portal a porta de entrada do cidadão, quando vai à Segurança Social, quando vai à AT ou a qualquer outro serviço digital. É uma espécie de loja de cidadão virtual. O outro projeto transversa­l é um projeto de capacitaçã­o e qualificaç­ão dos trabalhado­res da administra­ção pública para formação gratuita em parceria com as universida­des. E depois há áreas setoriais em que se apostou especialme­nte, como seja a modernizaç­ão e digitaliza­ção na área da Saúde, Segurança Social e na justiça. Temos de aproveitar estes fundos, este dinheiro, para fazer qualquer coisa de perene, de reformador.

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