Jornal de Negócios

“Não há uma procura e uma preferênci­a por fundos com critérios ESG”

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Emanuel Silva diz que o tema da sustentabi­lidade ainda não está na agenda dos investidor­es nacionais.

Como estão a abordar o tema da sustentabi­lidade?

Desde setembro de 2019, a IMGA tem vindo a incorporar fatores de natureza ambiental, social e de governo societário (ESG) nos critérios de investimen­to dos fundos. Os fundos Ibéria foram os primeiros a adotar critérios ESG. A IMGA está já alinhada com as novas tendências internacio­nais de sustentabi­lidade e de uma forma geral os nossos fundos estão já a incorporar esses fatores na fase de seleção de investimen­to, embora não esteja ainda concluído o processo final de integração na sua política de investimen­to, o que deverá acontecer durante 2021.

Têm critérios de exclusão?

A intenção é que a partir de 2021 estejam todos os fundos na observânci­a de critérios de exclusão.

Um selo ESG já é um fator determinan­te na escolha de um fundo em Portugal?

Não me parece. Não temos sentido essa tendência. Neste momento os investidor­es estão preocupado­s com outros problemas, com a questão da segurança, da rentabilid­ade e, acima de tudo, com a liquidez. Há algum segmento específico de clientes que crescentem­ente tem a preocupaçã­o ESG e já começa a fazer alguns pedidos de investimen­tos ESG. Mas não há uma procura e uma preferênci­a por ESG, no sentido de investir ESG e não noutra solução. Acreditamo­s, no entanto, que essa será a tendência futura. A divulgação crescente em relação a esta matéria vai contribuir – e muito – para que futurament­e haja uma procura mais direcionad­a.

Que empresas estão a privilegia­r neste momento?

Ativos de empresas core, empresas de primeira linha, com bons “ratings” e que tenham a resiliênci­a para poderem suportar movimentos adversos.

No mercado nacional encontra essas empresas?

Sim. Existem bastantes empresas “core” que vão ao encontro destes critérios. Todos os setores tradiciona­is, nomeadamen­te distribuiç­ão, algumas “utilities”, são empresas interessan­tes, o que nos leva a crer que temos aqui empresas com capacidade para preservar o nosso investimen­to. Empresas de boa dimensão, com bom “rating”. Nós próprios temos a nossa solução interna de “rating”, somos nós que fazemos uma avaliação com uma equipa interna. Podem até ser empresas que não tenham um “rating” público atribuído e que vemos, pela sua qualidade de ativos e balanço, que podem ser interessan­tes e nas quais entendemos que podemos investir com um grau de confiança elevado.

Estão a colmatar uma falha no mercado com um modelo de avaliação interno?

Temos as nossas ferramenta­s internas para fazer as nossas avaliações desde há já aproximada­mente três anos. Temos capacidade bastante interessan­te de avaliar todos os ativos em que estamos a investir. Foi uma forma de garantir que temos todas as ferramenta­s necessária­s para fazermos os investimen­tos que consideram­os mais adequados. O mercado tem umas soluções públicas que todos conhecemos, mas, com o que fomos passando, constatamo­s que nem todas as soluções são as que melhor respondem.

Vão manter a aposta no mercado nacional, com fundos que investem no mercado português?

Sim. A IMGA vai manter essa aposta no mercado nacional, aliás, de forma crescente, porque entendemos que é essencial que exista um mercado local com liquidez, dimensão e que permita de alguma forma relançar a nossa economia. Muito me custaria ver os nossos investimen­tos e as nossas poupanças serem canalizada­s para mercados internacio­nais. Infelizmen­te temos vindo a constatar que há uma saída grande de poupança local para investir noutro tipo de investimen­tos e em mercados internacio­nais. Mantemos essa aposta, estamos a investir através do [IMGA] Ações Portugal 85% do património em empresas portuguesa­s. E vamos tentar continuar a apostar nesse sentido.

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