Jornal de Negócios

Parar a economia? Não!

- CAMILO LOURENÇO Analista de economia camilolour­enco@gmail.com

Os últimos dias mostraram o quão volúvel é a classe política. Do discurso do “não a novo confinamen­to”, passámos a outro em que se admite novo estado de emergência. Faz sentido? Não!!! Decretar novo estado de emergência é um crime: a economia não aguenta nova paragem. O primeiro-ministro sabe disso, e por isso andou semanas a dizer isso ao país. O Presidente da República também. Se é assim, o que leva Marcelo a falar em novo confinamen­to e o primeiro-ministro a admitir haver novas restrições?

Simples: os caixões. Tanto Marcelo como Costa ficam horrorizad­os com a perspetiva de termos os hospitais do SNS a recusar doentes por terem atingido o limite de internamen­tos e o disparo do número de mortes. Na memória dos dois estão as imagens da primeira vaga em Itália e Espanha, com a imagem que ficou associada a estes países: a da falha clamorosa do Estado.

Compreende-se os receios de Costa e Marcelo quanto aos limites do sistema de Saúde. Mas isso não pode justificar novo confinamen­to. Seria destruir o que falta do setor produtivo. Se até agora o estrago foi no setor dos serviços (turismo, restauraçã­o, comércio...), uma nova paragem vai provocar miséria em outras áreas, nomeadamen­te na indústria. Até porque o governo ainda não fez o que devia ter feito: negociar com os prestadore­s privados de Saúde a utilização dos hospitais privados para combater a pandemia. Por preconceit­o ideológico, como se percebeu pela entrevista da ministra da Saúde à TVI, na semana passada.

Marcelo quer ser reeleito sem problemas; Costa quer ganhar as autárquica­s e manter-se no poder. Nós, cidadãos, não podemos deixar que a ambição política destes senhores prejudique a economia.

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