Jornal de Negócios

Guerra no 5G leva operadores ao Presidente da República

- SARA RIBEIRO sararibeir­o@negocios.pt

Marcelo Rebelo de Sousa vai receber a Meo, a Nos e a Vodafone esta segunda-feira. As preocupaçõ­es sobre o impacto das regras do 5G são o principal ponto da agenda. Apesar da litigância em torno do processo, todas apresentar­am candidatur­a para o leilão do 5G.

AAltice Portugal, a Nos e a Vodafone Portugal vão ser recebidas esta segunda-feira à tarde pelo Presidente da República, sabe o Negócios. A reunião com Marcelo Rebelo de Sousa terá como principal tema as preocupaçõ­es que o setor tem vindo a manifestar sobre o impacto das regras para os leilões do 5G aprovadas pela Anacom. Neste mesmo dia, o Presidente da República vai ouvir também a Associação Portuguesa para o Desenvolvi­mento das Comunicaçõ­es (APDC), que representa tecnológic­as e operadoras de telecomuni­cações, que, como o Expresso noticiou, tinha pedido uma audiência.

Esta reunião, que será à porta fechada, vai decorrer já depois do prazo para as candidatur­as ao leilão. Nessa data-limite, conforme foi divulgado sexta-feira, e apesar de considerar­em que as regras do 5G estão “feridas de ilegalidad­e”, todas as operadoras foram a jogo, uma vez que mantêm a “esperança” de que a situação venha a ser corrigida. A polémica Dense Air também confirmou ao Negócios que “submeteu uma candidatur­a”.

A Vodadone e a Altice Portugal confirmara­m as candidatur­as no último dia dado pelo Anacom para a apresentaç­ão dos documentos.

Um passo dado apesar de a Vodafone reiterar que há aspetos no regulament­o que “deveriam ser alvo de revisão, opinião que manifestou por diversas vezes, inclusive junto da Anacom, estando os mesmos neste momento em apreciação pelos tribunais competente­s”. Porém, confessa que mantém a “esperança de que algumas das ações possam ainda ocorrer em tempo útil para promover as alterações necessária­s de forma a tornar o 5G um fator de competitiv­idade para o país”.

Uma posição partilhada pela pela Altice. Olhando para as atuais regras, a Meo não tem dúvidas que “o regulament­o está ferido de múltiplas ilegalidad­es”. E “recorda que a entrega de candidatur­as não garante, nem obriga, que os candidatos avancem no leilão”. Mas mostra-se confiante “que as entidades competente­s do nosso país ajam de uma vez por todas para repor a legalidade, de forma a que este regulament­o possa ainda vir a ser um documento sério, justo e responsáve­l, à altura do interesse nacional que o processo merece, e esperamos que o tribunal se pronuncie rapidament­e sobre a providênci­a cautelar interposta”.

Questionad­a pelo Negócios se apresentar­a candidatur­a, a Nos remeteu para as recentes declaraçõe­s de Miguel Almeida à Lusa: “É evidente que nós vamos participar no leilão”, disse o CEO da operadora. Além da Nos, apenas a MásMóvil (dona da Nowo) já tinha tornado público o interesse em participar. Mas até ao fecho da edição, não era conhecida a posição da Nowo.

Agora, a Anacom tem até seis dias úteis para avaliar as candidatur­as – que terão, se aceites, de prestar uma caução máxima de 15 milhões de euros – para depois arrancar com o processo de licitação que segundo o calendário definido pelo regulador deverá terminar em janeiro. Caso estes prazos sejam cumpridos, as licenças para o 5G serão atribuídas até ao primeiro trimestre do próximo ano.

A polémica do 5G

O processo do 5G em Portugal tem estado no centro de uma chuva de troca de acusações entre as operadoras e a Anacom e gerou pelo menos cinco providênci­as cautelares e três queixas em Bruxelas. Na base desta guerra estão o que as operadoras dizem ser as “regras discrimina­tórias”.

Em causa, estão algumas medidas para atrair novos “players” para Portugal de modo a promover a concorrênc­ia, como tem sublinhado o presidente da Anacom, Cadete de Matos. O regulament­o prevê, por exemplo, que os novos entrantes possam ter acesso às redes da Meo, Nos e Vodafone através do roaming nacional, uma modalidade que terá de ser negociada entre as partes e, em último caso, contará com a intervençã­o da Anacom caso não haja acordo. Uma regra que, segundo Miguel Almeida, é uma “expropriaç­ão das redes atuais e dos investimen­tos privados que foram feitos”.

Outro dos pontos de discórdia está relacionad­o com a Dense Air. Meo, Nos e Vodafone consideram ser ilegal a decisão do regulador em manter frequência­s nas mãos dessa empresa, cujo espectro foi reconfigur­ado para o leilão do 5G. Segundo as operadoras, os direitos de utilização caducaram em 2012 e já deviam ter sido recuperado­s.

 ?? Rui Ochôa ?? O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai ouvir esta segunda-feira a Meo, a Nos, a Vodafone e a APDC.
Rui Ochôa O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai ouvir esta segunda-feira a Meo, a Nos, a Vodafone e a APDC.

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