Mota-Engil faz aumento de capital a metade do preço pago à família
O aumento de capital que a Mota-Engil vai realizar para que a família Mota fique com 40% e a chinesa CCCC com 30% será feito a um preço de 1,40 a 1,60 euros por ação. Metade do valor pago para a MGP perder a posição de controlo na construtora.
AChina Communications Construction Company (CCCC), que é a quarta maior construtora do mundo, vai adquirir 23% do capital da Mota-Engil por 169,4 milhões de euros à “holding” da família Mota, e elevará a sua posição no grupo português a 30% no aumento de capital que vai ser realizado.
A compra de 55 milhões de títulos da construtora nacional à Mota Gestão e Participações (MGP) será feita a 3,08 euros por ação, mas para chegar aos 30% definidos no acordo de parceria estratégica, agora concluído, a CCCC assegurará os restantes 7% no aumento de capital que vai envolver a emissão de 100 milhões de novas ações. A operação, que terá ainda de ser aprovada em assembleia-geral – cuja convocatória deverá ser anunciada já esta semana – será feita a um preço entre 1,40 e 1,60 euros por ação, segundo um research da JB Capital Markets. Ou seja, um valor em torno do que o título Mota-Engil vinha a cotar antes do anúncio da conclusão do acordo com a CCCC, não envolvendo assim qualquer desconto face a essa cotação. O valor representa também cerca de metade do que o grupo chinês vai pagar à família Mota para baixar a sua posição de controlo na construtora portuguesa.
O acordo entre as partes prevê que, após a concretização das operações, a MGP, que hoje responde por quase 65% da construtora, passará a ter cerca de 40%, enquanto a CCCC ficará com 30%. Ou seja, o grupo chinês terá de comprar direitos de subscrição no âmbito do aumento de capital reservado a acionistas a pequenos investidores ou à “holding” da família, que, no âmbito do acordo, tem de baixar a sua posição. Por outro lado, e como ficou definido entre os dois futuros acionistas de referência da Mota-Engil, também a MGP – que garante “total
“Este movimento estratégico vai levar a companhia a outra dimensão nos próximos anos. GONÇALO MOURA MARTINS CEO da Mota-Engil, em agosto
comprometimento e alinhamento com sua posição histórica na empresa” - irá ao aumento de capital.
A conclusão do acordo de parceria estratégica e investimento entre a Mota-Engil e a CCCC foi anunciada sexta-feira, mas a sua efetividade está ainda dependente da verificação de várias condições precedentes, de índole legal e contratual, entre as quais se incluem a aprovação ou o consentimento por parte de diversas entidades públicas e a confirmação por parte da Comissão do Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) de que o acordo e as operações nele previstas não impõem para a CCCC a obrigação de lançamento de uma oferta pública de aquisição, explicou o grupo português no comunicado divulgado sexta-feira.
Tendo em conta os termos do negócio, a Mota-Engil ficou avaliada em 736,5 milhões de euros, mais de 80% acima da capitalização bolsista, que se situa em cerca de 400 milhões de euros.
Em agosto passado, o presidente executivo da Mota-Engil, Gonçalo Moura Martins, apontou como prazo para a concretização desta transação, incluindo o aumento de capital, o quarto trimestre deste ano. No entanto, tendo em conta as aprovações que são ainda necessárias e os timings para a publicação do prospeto, a operação só deverá ficar fechada no primeiro trimestre do próximo ano.
Com a conclusão de todos os passos do acordo, e passando a CCCC a responder por 30%, haverá também alterações nos órgãos sociais da Mota-Engil, que deverão envolver a entrada de mais do que um elemento indicado pelo grupo chinês.