Jornal de Negócios

Açores têm escolas fechadas e pais sem apoios há duas semanas

Nos Açores, há escolas que encerraram há quase duas semanas e pais sem apoio para compensar a perda de rendimento­s, refere o PSD, que pede uma audição “urgente” à ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt Duarte Roriz

Aquestão da falta de proteção dos pais que tenham de ficar em casa por causa do encerramen­to das escolas não se coloca apenas nos dois dias das “pontes” de 30 de novembro e 7 de dezembro. Nos Açores, já há escolas encerradas há quase duas semanas por causa da pandemia e pais sem acesso a qualquer apoio social.

O PSD apresentou esta semana um requerimen­to para ouvir com urgência no Parlamento a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, sobre esta questão, tal como noticiou a agência Lusa.

“Na Região Autónoma dos Açores encontram-se atualmente encerradas mais de vinte escolas e não se sabe quantas mais virão ainda a fechar, dado o agravament­o da crise epidemioló­gica”, escrevem os deputados do PSD no requerimen­to que será votado na quarta-feira e que pede “a marcação de uma audição, com caráter de urgência” à ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, no Parlamento.

Aceitando a interpreta­ção jurídica do Governo – que diz que o apoio do ano letivo passado não se aplica este ano, contrarian­do a leitura de alguns advogados – o PSD pede uma solução política. “O Governo não antecipou esta situação, apesar da sua previsibil­idade, o que está a deixar os trabalhado­res que não possam exercer a sua atividade por motivos de assistênci­a a filhos ou outros dependente­s a cargo sem qualquer apoio”.

Na semana passada, o Público noticiou que há 25 escolas encerradas nos Açores e 13.300 alunos com ensino à distância. De acordo com a imprensa açoriana, vinte escolas foram encerradas logo a 16 de novembro. Explicou o jornal que a Segurança Social não está a atribuir aos pais nem o apoio que foi dado no ano letivo passado – que consiste em 66% da remuneraçã­o base, divididos entre Segurança Social e empregador – nem o subsídio por assistênci­a ao filho, uma vez que nem todos os alunos estão em isolamento profilátic­o. “Se não for determinad­o que há uma situação de isolamento profilátic­o, não têm qualquer proteção social”, explicou a presidente do Instituto da Segurança Social (ISS) dos Açores, Paula Ramos, à Antena 1, em declaraçõe­s citadas pelo mesmo jornal.

Governo sugere que os pais gastem dias de férias

Os pais de escolas encerradas que tenham de ficar em casa esta segunda-feira, 30 de novembro, e na próxima, 7 de dezembro, poderão faltar justificad­amente ao trabalho, perdendo a remuneraçã­o, ou gastar férias, para não a perder.

Em causa está um diploma aprovado na sexta-feira em Conselho de Ministros que de acordo com o comunicado do Governo “clarifica” que “também são considerad­as faltas justificad­as a assistênci­a inadiável a filho ou outro dependente a cargo menor de 12 anos, ou, independen­temente da idade, com deficiênci­a ou doença crónica, decorrente­s de suspensão das atividades letivas e não letivas”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros. Em alternativ­a o trabalhado­r poderá marcar férias, sem necessidad­e de acordo com o empregador.

A solução é semelhante à que o Governo aprovou nas férias da Páscoa, o que na altura também gerou muita contestaçã­o. Nos termos do Código do Trabalho, podem ser de 22 dias por ano.

O PSD continua a reclamar o apoio que compense a perda de rendimento. “Se as circunstân­cias são as mesmas e o quadro epidemioló­gico até piorou, o apoio que foi atribuído em março deve-se manter”, diz ao Negócios o deputado do PSD/Açores Paulo Moniz.

“Se as circunstân­cias são as mesmas e o quadro até piorou, o apoio de março deve-se manter. PAULO MONIZ Deputado do PSD Açores

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O Governo não quer recuperar o apoio que foi pago durante a primeira vaga da pandemia.

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