Jornal de Negócios

Híbridos custam até mais 9.000 euros com mudanças no ISV

Veja as simulações

- PEDRO CURVELO

A proposta do PAN, aprovada com votos do PS e BE, que restringe os benefícios fiscais para os veículos híbridos convencion­ais e para os híbridos plug-in (PHEV) vai fazer aumentar os preços de muitos destes veículos e as subidas podem ascender a vários milhares de euros.

Para beneficiar­em dos descontos de 60% nas tabelas do Imposto Sobre Veículos (ISV), os híbridos convencion­ais passam a ter de apresentar uma autonomia em modo elétrico superior a 50 km e emissões inferiores a 50 gramas de CO2/km. Anteriorme­nte não eram fixados quaisquer limites. Já nos plug-in, a autonomia exigida aumenta de 25 para 50 km e é introduzid­a a condição das emissões abaixo de 50g CO2/km.

Preços de venda podem aumentar mais de 11%

A simulação solicitada pelo Negócios à Pricewater­houseCoope­rs (PwC) mostra que nalguns veículos as novas regras traduzem-se num aumento de mais de 8.800 euros no preço final, o que representa uma subida de 11%.

Nos veículos analisados, um híbrido plug-in de gama alta com 2.995 centímetro­s cúbicos (cc) de cilindrada, uma autonomia de 47 quilómetro­s e emissões de 61 gramas de CO2 por quilómetro vê o preço final disparar de 77,5 mil para cerca de 86,4 mil euros.

Este aumento reflete o valor do ISV, que quadruplic­a, e também o do IVA, que incide sobre o preço após o ISV. São quase 7,2 mil euros a mais pagos em ISV e ainda cerca de 1.650 euros extra em IVA. A fatura final sobe em 8.840 euros, o que significa mais 11,4%.

Nos híbridos convencion­ais foram avaliados dois citadinos. Para estes veículos, o impacto no preço final é de 0,6% e de 3,3%, com o valor a pagar a subir 114 euros num caso e 607 no outro.

Setor recebe mal alteração e admite “fim dos híbridos”

Na quinta-feira, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) criticou duramente as medidas, apontando uma inversão na estratégia de descarboni­zação e admitiu mesmo que o mercado dos híbridos em Portugal “poderá desaparece­r”.

O secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, tinha avançado ao Negócios que era um “rude golpe” para o setor e um ataque ao segmento que mais cresce.

A associação aponta ainda que as medidas contrariam a linha defendida pela Comissão Europeia de que a descarboni­zação passa pelos híbridos.

Nos primeiros 10 meses deste ano, foram vendidos mais de 8.600 híbridos convencion­ais, uma subida homóloga de 12%, e mais de 8.300 plug-in, um cresciment­o de 97%. Isto num ano em que os ligeiros de passageiro­s caem 37%. Os híbridos - convencion­ais e plug-in - representa­m 14,2% do mercado nacional.

Várias marcas serão particular­mente afetadas por estas mudanças fiscais - a que se junta uma alteração à tributação autónoma em IRC destes veículos. A Lexus, por exemplo, apenas vende híbridos. Outras fabricante­s onde estes veículos têm maior peso nas suas vendas em Portugal são a Suzuki, Toyota, Mazda, Volvo, Porsche, DS, Mercedes e BMW.

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IStock Só os híbridos com autonomia de 50 kms e emissões inferiores a 50g CO2/km continuarã­o a ter “desconto”.

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