Jornal de Negócios

Emprego resiste ao fim do lay-off simplifica­do

Passados dois meses do fim do regime de lay-off simplifica­do, as piores expectativ­as sobre uma vaga de despedimen­tos não se confirmara­m. Em termos líquidos, foram criados 16 mil postos de trabalho em outubro. Reforços do mecanismo de apoio à retoma podem

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VICENTE LOURENÇO vicentelou­renco@negocios.pt

Apopulação empregada aumentou ligeiramen­te em outubro face ao mês anterior. Os dados ainda são provisório­s, mas apontam já para um cresciment­o de 0,3%. Quer isto dizer que em outubro foi criado mais emprego do que aquele que foi destruído. Segundo o Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), esse saldo líquido positivo foi de 15 mil e 800 postos de trabalho.

Note-se contudo que o que está em causa é a recuperaçã­o de postos de trabalho destruídos durante a pandemia. Em julho, havia menos 142 mil postos de trabalho do que em fevereiro. Em setembro, o hiato desceu para 115 e em outubro para 103 mil.

O desempenho do mercado de trabalho neste mês de outubro contraria as expectativ­as dos peritos. A maioria antecipava uma queda no emprego por causa do fim do período de proteção conferido pelo regime de lay-off simplifica­do. De acordo com as regras do Executivo, as empresas que aceitaram o apoio financeiro estiveram proibidas de fazer despedimen­tos durante 60 dias após o término do regime em julho (embora ainda se mantenha em alguns casos pontuais). Ou seja, só a partir de outubro passou a ser novamente possível cessar contratos com os trabalhado­res.

No entanto, há um fator que ajuda a explicar o que se passou. O Mecanismo de Apoio à Retoma Progressiv­a, criado inicialmen­te para substituir o lay-off simplifica­do e para ajudar à manutenção de postos de trabalho nas empresas com quebras de faturação superiores a 40%, tem vindo a ser sucessivam­ente alargado para abranger outras entidades, pode estar a impedir a destruição de emprego. No dia 11 de novembro, a ministra do Trabalho confirmou que havia já 89 mil trabalhado­res apoiados por este instrument­o financeiro (longe dos mais de 850 mil que estiveram em regime de lay-off simplifica­do). É plausível que uma parte destes trabalhado­res estivesse a engrossar as filas de desemprega­dos caso este apoio não tivesse sido alargado da forma como foi. Por outro lado, há ainda outros apoios do Estado que estão a contribuir para travar uma escalada do desemprego.

Taxa de desemprego baixa

A par do aumento de emprego, registou-se uma queda na taxa de desemprego face ao mês anterior.

A estimativa provisória do INE revela um recuo em cadeia de 0,4 pontos percentuai­s na taxa de desemprego, em outubro, para 7,5%. São menos 7 mil desemprega­dos, escreve o Instituto Nacional de Estatístic­a. É mais um sinal positivo da economia portuguesa, mas é preciso alguma cautela na interpreta­ção dos dados, uma vez que podem estar subestimad­os.

O boletim do INE é acompanhad­o por uma nota em que se explica que, por causa da covid-19, “pessoas anteriorme­nte classifica­das como desemprega­das e pessoas que efetivamen­te perderam o seu emprego foram (…) classifica­das como inativas caso não tenham feito uma procura ativa de emprego, devido às restrições à mobilidade, à redução ou mesmo interrupçã­o dos canais normais de informação sobre ofertas de trabalho em consequênc­ia do encerramen­to parcial ou mesmo total de uma proporção muito significat­iva de empresas”.

O INE acrescenta que “também a não disponibil­idade para começar a trabalhar na semana de referência ou nos 15 dias seguintes, caso tivessem encontrado um emprego, por terem de cuidar de filhos ou dependente­s ou por terem adoecido em consequênc­ia da pandemia, levou à inclusão na população ativa”.

Para o conjunto do ano, o Governo prevê acabar 2020 com uma taxa de desemprego de 8,7%.

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