É do interesse da banca que injeção no NB seja aprovada, diz RBC
Com a decisão do Parlamento de travar transferências para o Novo Banco, o RBC tem vários cenários. Um pode passar pela injeção de capital por parte da Lone Star.
O Parlamento bloqueou, de forma inesperada, as transferências de capital do Fundo de Resolução para o Novo Banco. Um travão, aprovado na semana passada, que o Governo está agora a tentar resolver, já que isto pode vir a traduzir-se numa violação do contrato assinado há três anos. Numa nota consultada pelo Negócios, o Royal Bank of Canada (RBC) considera que é do interesse do setor que esta injeção seja feita. E coloca vários cenários em cima da mesa para que isto aconteça.
“[Há] alguma incerteza, mas é do interesse do sistema bancário português que a tranche [para o Novo Banco] seja aprovada”, lê-se na nota assinada por Jakub Lichwa, estratega de crédito do RBC, esta segunda-feira, a que o Negócios teve acesso.
De acordo com o responsável, isto poderá acontecer de duas maneiras. “Os bancos portugueses fazem um empréstimo ao Fundo de Resolução para o montante em falta” e este crédito “seria reembolsado mais tarde através das contribuições feitas ao Fundo de Resolução por estes mesmos bancos”.
Outra hipótese é ser feita uma “adenda ao Orçamento para 2021, o que iria permitir transferir os fundos” para a instituição financeira liderada por António Ramalho, refere o analista do RBC. Ou seja, pode estar em causa um Orçamento retificativo, tal como foi sugerido na semana passada pelo PSD.
O deputado Duarte Pacheco disse que “depois de a auditoria [do Tribunal de Contas ao Novo Banco] estar concluída e o valor for devido, o Governo pode apresentar uma alteração ao Orçamento e tem aqui o compromisso do PSD” de que a vai viabilizar.
RBC coloca injeção da Lone Star em cima da mesa
Além destes dois cenários, que aponta como os mais prováveis, Jakub Lichwa coloca ainda um outro em cima da mesa. E este envolve diretamente o acionista norte-americano que tem 75% do capital do Novo Banco. “Penso que outra solução poderá ser uma injeção da própria Lone Star, com a diluição da participação de 25% do Fundo de Resolução. Mas, do que sei, isto não está a ser discutido neste momento”, refere o estratega de crédito do RBC.
Contactada pelo Negócios para perceber qual seria a sua disponibilidade para avançar com este reforço, não foi possível obter uma resposta da Lone Star.
Foi na quarta-feira passada que o Parlamento surpreendeu ao aprovar uma proposta do Bloco de Esquerda que trava a transferência de quase 500 milhões de euros do Fundo de Resolução para o Novo Banco. Esta proposta foi depois avocada na quinta-feira que seguiu o mesmo rumo. Mas com esta decisão poderá ficar em causa cumprimento do contrato assinado em 2017. Ainda assim, o Novo Banco, disse num comunicado, na sexta-feira, “confiar” que o Fundo de Resolução vai cumprir as suas obrigações e transferir o dinheiro necessário para o banco repor os rácios de capital.
Segundo o RBC, “esta situação complica obviamente as coisas em Portugal e levanta mais uma vez dúvidas sobre as atitude/cenário político para com os investidores nos bancos portugueses”.