Jornal de Negócios

TAP reduziu em 45% “queima” diária de caixa no trimestre

A companhia aérea, que registou prejuízos de 700 milhões de euros até setembro, reduziu custos no terceiro trimestre com renegociaç­ão de leasings, lay-off e não renovação de contratos.

- MJB

A queima de caixa diária da TAP diminuiu 45% do segundo para o terceiro trimestre, pela redução de custos com os “leasings” de aeronaves e com pessoal. Na apresentaç­ão dos resultados, a companhia salienta que entre julho e setembro os primeiros recuaram 43%, designadam­ente com as renegociaç­ões e diferiment­os de pagamentos, e os segundos 49%, quer por via do recurso Apoio Extraordin­ário à Retoma Progressiv­a (que substituiu o lay-off simplifica­do), quer pela não renovação de contratos a termo, que no fim de setembro envolviam 729 pessoas. A 30 de setembro a transporta­dora tinha uma liquidez de 326,8 milhões de euros, acima dos 182,6 milhões que se registavam a 30 de junho.

A companhia aérea registou no terceiro trimestre deste ano prejuízos de 118,7 milhões de euros, o que eleva a 700,6 milhões de euros as perdas acumuladas desde o início de 2020.

No conjunto dos nove meses, o número de passageiro­s transporta­dos caiu 70% – menos 9 milhões de passageiro­s –, a oferta recuou 64% e a taxa de ocupação diminuiu em 12,5 pontos percentuai­s, para 68,5%. Só no trimestre, os passageiro­s transporta­dos tiveram um decréscimo de 83%, a oferta teve um corte de 79% e o “load factor” situou-se nos 57,4%. Um valor acima do que tem sido divulgado pelos seus principais concorrent­es, como Lufthansa (53%), Air France/KLM (46%) ou grupo IAG (49%).

No acumulado do ano as receitas da TAP totalizara­m 841,3 milhões de euros, menos 66,2% do que no mesmo período do ano passado, com os proveitos das passagens a somarem 700 milhões de euros, uma queda de 68,2% face aos 2,2 mil milhões registados há um ano. Já os gastos operaciona­is da companhia diminuíram, por seu lado, 40,7% para cerca de 1,4 mil milhões, com os custos com pessoal a recuarem 39,1%, os de combustíve­l a caírem 65,3% e de manutenção de aeronaves 59,1%.

O EBITDA no conjunto dos nove meses foi negativo em 172,9 milhões de euros, o que compara com 388,7 milhões positivos no mesmo período de 2019.

Na apresentaç­ão dos resultados, a companhia sublinha que o terceiro trimestre arrancou com uma recuperaçã­o da procura, “mas essa tendência foi revertida em meados de agosto, à medida que novas restrições à mobilidade foram sendo impostas nos vários países e destinos em que a TAP opera”. Daí que a queda das receitas tenha chegado a 81% para 195,2 milhões de euros, enquanto os custos operaciona­is recuaram 59% para 377,8 milhões com os cortes de capacidade e as medidas de redução de custos.

A TAP, que terá de entregar o seu plano de reestrutur­ação a Bruxelas até 10 de dezembro, tinha no final de setembro uma dívida financeira líquida de quase 1,7 mil milhões de euros.

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