Jornal de Negócios

Oito aviões da TAP já têm comprador

Aeronaves têm cerca de 20 anos e a venda deverá ficar fechada até fevereiro. Com esta alienação, frota baixará para 94 aviões.

- MARIA JOÃO BABO mbabo@negocios.pt

ATAP fechou o terceiro trimestre deste ano com uma frota de 101 aviões, menos sete do que os 108 que operava no final de junho, mas a redução vai continuar, devendo atingir as 94 aeronaves já nos próximos meses. O Negócios sabe que a companhia aérea já assinou um memorando de entendimen­to com um comprador para a venda de oito aviões, que se deverá concretiza­r em janeiro ou fevereiro do próximo ano.

As aeronaves que serão alienadas – seis A319 e dois A320 – têm cerca de 20 anos de idade, sendo que a venda vai não só gerar um encaixe para a TAP, como também uma poupança de custos, uma vez que esses aviões tinham programada­s manutençõe­s pesadas para o início de 2021. O Negócios sabe que a companhia tem ainda de pôr esses aviões em condições de venda, não havendo assim certezas de conseguir concretiza­r o negócio ainda este ano ou apenas nos primeiros meses do próximo. A TAP ficará então com uma frota de 94 aviões, sendo que o plano de reestrutur­ação irá determinar ainda novas reduções. Segundo tem sido noticiado, terá de reduzir a frota para cerca de 85 aeronaves.

A companhia aérea chegou a um acordo com a Airbus, em setembro, para adiar a entrega de 15 novos aviões que estavam previstos chegar entre 2020 e 2022, evitando encargos de 857 milhões de euros, mas recebeu em novembro mais uma aeronave da família dos A320, que considera estratégic­a no atual momento, uma vez que lhe permite voar para EUA, Canadá ou Brasil com um custo mais baixo do que usando aviões de maior dimensão.

No início do mês passado, no Parlamento, o ministro das Infraestru­turas tinha já assumido que, nos últimos meses, a TAP recebeu um avião novo, mas salientou que “estava pago” e que a companhia “já está a reduzir a frota”. Segundo disse Pedro Nuno Santos, “abandonámo­s as encomendas feitas e estamos a negociar a devolução de alguns aviões”.

O que a TAP tem estado a fazer com a sua frota é uma combinação de vendas com devoluções aos “lessors”, os proprietár­ios das aeronaves, uma vez que se esse avião alugado estiver a meio do contrato a sua devolução implica o pagamento de uma penalizaçã­o. Assim, a estratégia de redução de frota passa pela venda de aviões próprios ou quando o contrato de leasing está a vencer não os renovar.

Negociaçõe­s de leasings com impacto de 175 milhões

A companhia aérea, que no segundo trimestre deste ano, não pagou leasings operaciona­is de aeronaves, tem estado também a negociar reduções permanente­s dessas rendas. No terceiro trimestre, de acordo com os resultados apresentad­os segunda-feira, os pagamentos associados ao leasing operaciona­l de aeronaves foram reduzidos em 43% face ao mesmo período período de 2019. Uma redução que a TAP sublinha que “reflete as negociaçõe­s com ‘lessors’ para diferiment­o de pagamentos e reduções permanente­s de rendas”.

A transporta­dora prevê que para o total deste ano essas renegociaç­ões reduzam em cerca de 175 milhões de dólares as saídas de caixa relacionad­as com leasing operaciona­l de aviões. Um valor que se soma à redução de custos de mil milhões de dólares no período 2020-2022 com o adiamento da entrega de novas aeronaves que já tinha sido negociado com a Airbus.

De acordo com as contas da transporta­dora, os passivos de locação sem opção de compra desceram de 2.279 milhões de euros em dezembro de 2019 para 2.160 milhões em setembro último.

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A TAP, presidida por Ramiro Sequeira, anunciou que não irá prorrogar a adesão ao regime do Apoio Extraordin­ário à Retoma Progressiv­a durante dezembro.

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