“Lone Star é investidor de longo prazo”
Presidente da AICEP diz que a sua saída não tem razões políticas.
Abanca pode ser um factor de instabilidade económica. Mas o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, acredita que há casos a serem resolvidos. Tanto a Caixa como o Novo Banco estão em vias de ter um desfecho, acredita. A rota de descida do défice é sustentável, nomeadamente com o que pode vir de surpresas da banca? Não sei se virão muitas mais surpresas por parte dabanca. Espero que as notícias acabem por vir e sejam positivas. É de facto um dos sectores onde reconhecidamente temos mais vulnerabilidades. Mas falo emtrês casos: na Caixa penso que o que importaagoraé implementaro plano que foi desenhado e penso que tem uma administração estável em funções; no BCP, o aumento de capital correubastante bem; e, ao que sei, a venda do Novo Banco , segundo as palavras do próprio primeiro-ministro, está para breve. Portanto estamos afalarde uma situação que pode também passar a ser vista como mais positiva, e é mais positiva. Semumsector financeiro estável e forte não será possível a uma economia estar em boa forma. A demora na resolução dos problemas tem prejudicado o investimento e exportações? As dificuldades da economia tendem a ser maiores quando o sector financeiro não está de boa saúde. Poderíamos ter ido mais além no investimento e exportações se o sistema financeiro nos últimos dois ou três anos tivesse tido mais capacidade? As fragilidades do nosso sistema financeiro são conhecidas. Elas foram atacadas, ou têm vindo a ser atacadas. Não é possível mudar o passado, o que é possível agora é fazer com que o sistema financeiro fique mais forte e penso que é isso que está a acontecer. A Caixa, sendo um banco fundamental para o país, não esteve parada tempo demais? O que me parece é que agora estão criadas as condições de estabilidade que o plano desenhado para a Caixa Geral de Depósitos seja imple- mentado rapidamente. Isso será muito positivo para a nossa economia. O PSD pedir uma nova comissão de inquérito à CGD não cria instabilidade? Não compete ao presidente da AICEP comentar factos da vida política interna. A verdade é que tem de lidar com estes factores de instabilidade como presidente da AICEP. Eu penso que estão criadas as condições para que o plano da CGD possa vir a ser implementado da forma como foi desenhado e rapidamente. Vê com bons olhos a solução encontrada para a CGD, com o novo conselho de administração? A solução foi a correcta? Parece-me uma excelente solução. Acha que a Caixa vai conseguir vender facilmente obrigações a privados? Isso ver-se-á na altura.
Pode ser investimento estrangeiro... Pode ser, exactamente.
Vai participar no “roadshow”? Nós estamos em contacto permanente com os principais “players” nacionais, mas não me peça agora para entrar nesses pormenores que antes de acontecerem não devem ser divulgados. Relativamente ao Novo Banco, é igualmente relevante a forma como é feita a venda e o valor da venda. Do seu ponto de vista deve acontecer independentemente de ser um valor simbólico? Obviamente não me vou pronunciar nesse sentido. Penso que é importante que haja uma solução para o Novo Banco e que essa solução seja a melhor possível e que não prejudique a economia nacional. Estou convencido que estamos próximos de chegar a uma solução dessas. Também aí pode haver um novo investidor estrangeiro na banca em Portugal. Ele já cá está mas fora da banca. Ele já cá está e temos trabalhado muito eles. Já se reuniu alguma vez com a Lone Star? Já, claro. Quer aqui, quer no estrangeiro. Obviamente não por força do Novo Banco, mas por força da presença que a Lone Star tem em Portugal. Vê como uma boa opção, um bom parceiro? Isso depende das propostas que forem apresentadas. Não me cabe a mim dizer se é um bom parceiro ou não, havendo outros interessados. Sabe-se pelas notícias que têm vindo a público que esse é o competidor que pode ter a proposta mais forte nesta altura e portanto se assim for as coisas seguirão a sua trajectória natural. A presença de capitais estrangeiros na banca é uma situação que vê de forma confortável? É a situação que vejo de acordo com a realidade que o país enfrenta. Não é só na banca. Temos em vários sectores da economia. Se nós continuamos bastante endividados, quer na esfera pública, quer na esfera privada, precisamos de investimento como pão para a boca, temos de ir à procura de investimento. Se não está em Portugal, temos de ir à procura dele no estrangeiro. É isso que temos feito na AICEP. A Lone Star pareceu-lhe um investidor para ficar no mercado no longo prazo? Penso que é um investidor para ficar em Portugal a longo prazo. Recentemente o ministro das Finanças esteve sob fogo cruzado. A saída do ministro das Finanças nesta altura poderia prejudicar estas duas operações na banca… Essa é mais uma questão de política interna e eu não vou entrar em questões desse género. Não compete ao presidente da AICEP comentar questões da vida política nacional. O que lhe posso dizer é que os resultados na vertente orçamental têm sido bastante positivos. E se é um resultado em que o Governo tem responsabilidade, evidentemente que o interlocutor mais directo é o ministro das Finanças.
“É importante que haja uma solução para o Novo Banco que seja a melhor possível e que não prejudique a economia nacional.” “[Solução encontrada para CGD] parece-me excelente.”