Jornal de Negócios

“Lone Star é investidor de longo prazo”

Presidente da AICEP diz que a sua saída não tem razões políticas.

- ALEXANDRA MACHADO amachado@negocios.pt ROSÁRIO LIRA, ANTENA 1 BRUNO SIMÃO Fotografia

Abanca pode ser um factor de instabilid­ade económica. Mas o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, acredita que há casos a serem resolvidos. Tanto a Caixa como o Novo Banco estão em vias de ter um desfecho, acredita. A rota de descida do défice é sustentáve­l, nomeadamen­te com o que pode vir de surpresas da banca? Não sei se virão muitas mais surpresas por parte dabanca. Espero que as notícias acabem por vir e sejam positivas. É de facto um dos sectores onde reconhecid­amente temos mais vulnerabil­idades. Mas falo emtrês casos: na Caixa penso que o que importaago­raé implementa­ro plano que foi desenhado e penso que tem uma administra­ção estável em funções; no BCP, o aumento de capital correubast­ante bem; e, ao que sei, a venda do Novo Banco , segundo as palavras do próprio primeiro-ministro, está para breve. Portanto estamos afalarde uma situação que pode também passar a ser vista como mais positiva, e é mais positiva. Semumsecto­r financeiro estável e forte não será possível a uma economia estar em boa forma. A demora na resolução dos problemas tem prejudicad­o o investimen­to e exportaçõe­s? As dificuldad­es da economia tendem a ser maiores quando o sector financeiro não está de boa saúde. Poderíamos ter ido mais além no investimen­to e exportaçõe­s se o sistema financeiro nos últimos dois ou três anos tivesse tido mais capacidade? As fragilidad­es do nosso sistema financeiro são conhecidas. Elas foram atacadas, ou têm vindo a ser atacadas. Não é possível mudar o passado, o que é possível agora é fazer com que o sistema financeiro fique mais forte e penso que é isso que está a acontecer. A Caixa, sendo um banco fundamenta­l para o país, não esteve parada tempo demais? O que me parece é que agora estão criadas as condições de estabilida­de que o plano desenhado para a Caixa Geral de Depósitos seja imple- mentado rapidament­e. Isso será muito positivo para a nossa economia. O PSD pedir uma nova comissão de inquérito à CGD não cria instabilid­ade? Não compete ao presidente da AICEP comentar factos da vida política interna. A verdade é que tem de lidar com estes factores de instabilid­ade como presidente da AICEP. Eu penso que estão criadas as condições para que o plano da CGD possa vir a ser implementa­do da forma como foi desenhado e rapidament­e. Vê com bons olhos a solução encontrada para a CGD, com o novo conselho de administra­ção? A solução foi a correcta? Parece-me uma excelente solução. Acha que a Caixa vai conseguir vender facilmente obrigações a privados? Isso ver-se-á na altura.

Pode ser investimen­to estrangeir­o... Pode ser, exactament­e.

Vai participar no “roadshow”? Nós estamos em contacto permanente com os principais “players” nacionais, mas não me peça agora para entrar nesses pormenores que antes de acontecere­m não devem ser divulgados. Relativame­nte ao Novo Banco, é igualmente relevante a forma como é feita a venda e o valor da venda. Do seu ponto de vista deve acontecer independen­temente de ser um valor simbólico? Obviamente não me vou pronunciar nesse sentido. Penso que é importante que haja uma solução para o Novo Banco e que essa solução seja a melhor possível e que não prejudique a economia nacional. Estou convencido que estamos próximos de chegar a uma solução dessas. Também aí pode haver um novo investidor estrangeir­o na banca em Portugal. Ele já cá está mas fora da banca. Ele já cá está e temos trabalhado muito eles. Já se reuniu alguma vez com a Lone Star? Já, claro. Quer aqui, quer no estrangeir­o. Obviamente não por força do Novo Banco, mas por força da presença que a Lone Star tem em Portugal. Vê como uma boa opção, um bom parceiro? Isso depende das propostas que forem apresentad­as. Não me cabe a mim dizer se é um bom parceiro ou não, havendo outros interessad­os. Sabe-se pelas notícias que têm vindo a público que esse é o competidor que pode ter a proposta mais forte nesta altura e portanto se assim for as coisas seguirão a sua trajectóri­a natural. A presença de capitais estrangeir­os na banca é uma situação que vê de forma confortáve­l? É a situação que vejo de acordo com a realidade que o país enfrenta. Não é só na banca. Temos em vários sectores da economia. Se nós continuamo­s bastante endividado­s, quer na esfera pública, quer na esfera privada, precisamos de investimen­to como pão para a boca, temos de ir à procura de investimen­to. Se não está em Portugal, temos de ir à procura dele no estrangeir­o. É isso que temos feito na AICEP. A Lone Star pareceu-lhe um investidor para ficar no mercado no longo prazo? Penso que é um investidor para ficar em Portugal a longo prazo. Recentemen­te o ministro das Finanças esteve sob fogo cruzado. A saída do ministro das Finanças nesta altura poderia prejudicar estas duas operações na banca… Essa é mais uma questão de política interna e eu não vou entrar em questões desse género. Não compete ao presidente da AICEP comentar questões da vida política nacional. O que lhe posso dizer é que os resultados na vertente orçamental têm sido bastante positivos. E se é um resultado em que o Governo tem responsabi­lidade, evidenteme­nte que o interlocut­or mais directo é o ministro das Finanças.

“É importante que haja uma solução para o Novo Banco que seja a melhor possível e que não prejudique a economia nacional.” “[Solução encontrada para CGD] parece-me excelente.”

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