Decisão de sair “não teve nada a ver com mudança do ciclo político”
Ligado ao PSD, Frasquilho garante que decidiu sair da AICEP no final do mandato por sua iniciativa e sem relacionar com ciclo político. Não revela o seu futuro. E elogia Castro Henriques que se noticiou ser o seu sucessor.
Oainda presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, já fez saber que não continuará na instituição depois de aprovadas as contas de 2016 e concluído o plano estratégico. Não revela para onde irá.
Em termos gerais o Governo temlhe criado e tem-lhe dado as condições para gerir da melhor forma a suas funções?
Sim… Se está a querer dizer que a minha saída da AICEP se deve à mudança do Governo isso não é verdade. Estou a completar o meu mandato de três anos à frente da AICEP e foi uma iniciativa minha. Não teve rigorosamente nada a ver com a mudança de ciclo político. E deixe-me aproveitar esta ocasião para, de forma muito clara e transparente, agradecer ao primeiro-ministro que me convidou para presidente da AICEP, o Dr. Pedro Passos Coelho. Agradecer a confiança que em mim depositou. Agradecer ao Dr. Paulo Portas, na qualidade de vice-primeiro-ministro do Governo anterior, que era a tutela principal da AICEP, e agradecer igualmente ao actual primeiro-ministro, Dr. António Costa, ter renovado a confiança na minha administração. E como a AICEP reporta ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, agradecer também ao ministro, Augusto Santos Silva, com quem tenho tido uma excelente relação de trabalho.
Foram-lhe dadas as condições para exercer as suas funções?
Sim.
Não agradeceu ao secretário de Estado da Internacionalização. O Expresso noticiou que sai também por não se entender com Jorge Costa Oliveira. É verdade? Eu prefiro concentrar-me nos assuntos que são realmente importantes e não ligar a outras matérias que não parece que sejam relevantes.
O que lhe reserva o futuro. Já sabe?
Não, neste momento ainda não sei e portanto é prematuro estar a falar sobre algo que não está definido, nem se encontra perto de estar definido. Logo que eu tiver uma indicação sobre o que irei fazer no futuro em termos profissionais terei todo o gosto em revelar à comunicação social.
Não sabe ainda quando é que sai. Não será em Março?
Em princípio, no início de Abril, logo que as contas de 2016 estejam fechadas e que cumpra o plano estratégico, que aliás esperava que merecesse uma atenção maior por parte das minhas interlocutoras. O plano da AICEP que desenhámos, que implementámos e que, para ficar integralmente cumprido, me faltam abrir apenas três delegações – Austrália, Argentina e Tailândia. Portanto, uma vez cumprido o plano estratégico e fechadas as contas, cessarei as minhas funções na AICEP, é isso que tenho acordado com o Governo.
Tem incompatibilidades para o futuro? Poderá ir para qualquer empresa?
Que eu saiba, não tenho quaisquer incompatibilidades.
Espera que o seu sucessor dê continuidade àquilo que foram as suas prioridades e a sua política para a AICEP? Numa entrevista recente referia o facto de abrir delegações em sítios onde, à partida, não há grande investimento ou trocas comerciais, mas por questão estratégica do país.
Está a referir-se, por exemplo, a determinados países da CPLP, como Timor, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Temos certamente apoiado mais as empresas e os fluxos económicos entre Portugal e esses países, e em qualquer um desses três as estatísticas do comércio de 2015 para 2016 são extremamente positivas. O facto de estar a AICEP no terreno terá levado aque mais empresas se tenham deslocado para essas paragens e isso parece-me que é muito bom para nós e para esses países, onde temos, de resto, uma filosofia diferente em relação à maior parte das nossas delegações. Aí temos uma filosofia da cooperação empresarial. Ou seja, estamos para ajudar as nossas empresas, mas também para ajudar esses países que são países irmãos.
Luís Filipe Castro Henriques é um bom nome para o substituir?
O Dr. Castro Henriques é o meu administrador financeiro. Fui eu que o convidei para integrar a minha administração daAICEP. Conheço-o há muito tempo. É uma pessoa extraordinariamente competente e muito bem formada. É o que lhe posso dizer sobre o Dr. Castro Henriques. Não compete obviamente ao presidente da AICEP comentar, confirmar ou desmentir quem será o seu sucessor.