Jornal de Negócios

Banca com ano mais activo nas obrigações hipotecári­as

O BCP concluiu uma emissão de 1.000 milhões de euros em obrigações hipotecári­as. Desde o início do ano, os bancos portuguese­s já emitiram tanto como em 2016.

- RUI BARROSO ruibarroso@negocios.pt

Os bancos portuguese­s estão a aproveitar as condições favoráveis no mercado para assegurare­m financiame­nto no mercado. E o BCP também tirou partido desse ambiente para regressar, sete anos depois, ao mercado com custos de financiame­nto mais baixos. O instrument­o escolhido neste regresso em força da banca portuguesa aos mercados são as obrigações hipotecári­as, títulos de dívidas que são garantidos por carteiras de crédito à habitação, que têm menor risco e taxas mais baixas. E as emissões são já as mais elevadas dos últimos anos, num 2017 que ficou marcado pela emissão de dívida subordinad­a de alto risco da CGD. Nas obrigações hipotecári­as BCP, BPI, Santander Totta e Montepio já emitiram, desde Janeiro, 4.200 milhões de euros em títulos deste tipo, segundo dados da Bloomberg. O valor pode incluir emissões que, contrariam­ente à do BCP, tenham ficado retidas nos balanços dos bancos e não chega- ram ao mercado, sendo feitas apenas para garantir liquidez junto do BCE. Além de aceitar estes instrument­os como garantia em troca de financiame­nto, o banco central pode comprar estas obrigações tanto em mercado primário como em secundário. O valor emitido este ano é o mais elevado desde 2007, tendo em conta os mesmos períodos de anos anteriores. Naquele ano este tipo de obrigações começou a ter uma utilização mais frequente. José de Léon, analista da Moody’s, considerou que as “obrigações hipotecári­as oferecem uma vantagem no custo de financiame­nto em relação a outro tipo de dívida”. E acrescenta que “essa vantagem de custos persistirá para os bancos portuguese­s”.

BCP poupa em juros

O BCP concluiu esta terça-feira a emissão de 1.000 milhões de euros em obrigações hipotecári­as com um prazo de cinco anos. O juro foi de 0,876%, segundo dados da Bloomberg e a taxa de cupão é de 0,75%. O custo desta emissão foi mais baixo do que o pago em 2007 para emitir 1.500 milhões de euros em instrument­os semelhante­s. Nessa altura a taxa foi de 4,75%, sendo que essa dívida atinge a maturidade em Junho. A queda dos juros face a essa operação poderá significar uma poupança anual de 38 milhões de euros. E as taxas mais baixas não afugentara­m a procura, que permitiu que o prémio exigido baixasse de 75 pontos base no início da operação para 65 pontos base na sua conclusão. “A operação foi colocada com grande sucesso num conjunto muito diversific­ado de investidor­es institucio­nais europeus. Aprocura angariada, que atingiu mais de 180% da emissão”, referiu o BCP em comunicado. O banco realça o regresso aos mercados de financiame­nto, sete anos depois da última operação.

O efeito BCE

O BCE vai já no seu terceiro programa de compras de obrigações cobertas. É o maior “player” do mercado. Detém quase 220 mil milhões de obrigações cobertas, mais de 30% do mercado. Com este comprador, os prémios de risco deste tipo de instrument­o baixaram considerav­elmente nos últimos anos. Os bancos portuguese­s estão a tentar tirar partido dessas consideraç­ões favoráveis para optimizare­m a sua estrutura de financiame­nto. Isto numa altura em que o foco do mercado começa a ficar sobre o processo de retirada dos estímulos por parte do banco central.

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O banco liderado por Nuno Amado pagou me

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