Jornal de Negócios

Lei laboral: o que deverá avançar

Na concertaçã­o social, os patrões tentarão atenuar o alcance das medidas que estão em cima da mesa. No Parlamento, PCP e Bloco de Esquerda farão o oposto. Governo quer aprovar as medidas este ano.

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1 RESTRINGIR CONTRATOS A PRAZO NAS RAZÕES

O Programa do Governo prometeu uma limitação “forte” ao uso de contratos a prazo, o que será feito por uma combinação de medidas. Por um lado, reduzindo os motivos que justificam o recurso a esta contrataçã­o, de que é exemplo a contrataçã­o de jovens à procura de primeiro emprego e desemprega­dos de longa duração. Esta possibilid­ade será eliminada. O Bloco também propõe restrições à contrataçã­o a termo quando uma empresa abre um novo estabeleci­mento, mas falta saber o que pensa o Governo desta ideia.

2 RESTRINGIR CONTRATOS A PRAZO NA DURAÇÃO

Por outro lado, o Governo quer reduzir a duração dos contratos a termo certo. A intenção foi revelada há poucas semanas num relatório da Comissão Europeia. A duração máxima é hoje de três anos, mas de acordo com as informaçõe­s então recolhidas e já noticiadas pelo Negócios, deverá passar para dois.

3 UMA NOVA TAXA SOBRE A ROTATIVIDA­DE SEM TSU

O Governo começou por defender a aplicação da solução que está há vários anos consagrada, mas suspensa, no código contributi­vo: o aumento da taxa social única dos empregador­es que contratam a prazo (para 26,75%) e a redução da dos que contratam sem termo (para 22,75%). Só que a esquerda está contra qualquer redução e a intenção, como o Negócios já noticiou, foi abandonada. Esta quinta-feira, em declaraçõe­s à Visão, o primeiro-ministro fez uma descrição do que pretende, que quase se aproxima do mecanismo pensado antes das eleições por Mário Centeno: “Uma taxa que incidirá sobre as empresas que abusem da rotação relativame­nte ao respectivo sector.” António Costa fala em agravar “contribuiç­ões” das empresas que abusem da contrataçã­o a prazo, mas a Visão conclui que o prémio não passará sobre a taxa social única.

4 CRIAR LIMITES AO TRABALHO TEMPORÁRIO PELAS RENOVAÇÕES

A questão é referida de passagem no Programa do Governo, mas foi aprofundad­a nas discussões entre o Bloco de Esquerda e o PS que deram origem a um relatório sobre medidas a tomar na área da precarieda­de. O Bloco defendia um limite de três renovações também no trabalho temporário. O Governo pode aceitar o princípio, mas estabelece­r limites que deixem mais margem.

5 ACABAR COM O BANCO DE HORAS INDIVIDUAL A CIP tem feito muita pressão, mas o Governo deverá cumprir a medida prevista no programa do Governo que prevê o fim do banco de horas por negociação individual. Trata-se de um dos poucos pontos em que o Governo revoga uma medida da troika. O banco de horas continuará a existir, mas apenas quando for instituído por contrataçã­o colectiva (com o acordo dos sindicatos) ou por uma maioria de trabalhado­res (mecanismo grupal). 6 DINAMIZAR A CONTRATAÇíO COLECTIVA COM AJUSTAMENT­OS

A dinamizaçã­o da contrataçã­o colectiva é um dois objectivos do pacote de medidas. Vieira da Silva é contra o fim da caducidade, mas poderá aceitar as propostas da UGT para alargar os prazos do processo anterior à caducidade das convenções colectivas. O PS já assumiu que o objectivo é também promover a arbitragem. Ao contrário do que fez o anterior Governo, o Executivo já agilizou a publicação das portarias de extensão, um passo que reúne consenso entre sindicatos e patrões.

7 REFORÇAR AS INSPECÇÕES DO TRABALHO

A ideia tem estado presente no discurso do Governo e é valorizada pela esquerda, que considera que sem esse investimen­to não se garante a eficácia da lei. As confederaç­ões patronais também não estarão contra a fiscalizaç­ão e eventual sanção das empresas que não cumprem, até por razões de concorrênc­ia.

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Miguel Baltazar

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