Jornal de Negócios

Dificuldad­e na cobrança de dívidas penaliza resultados da Lisnave

- MARIA JOÃO BABO

Além de uma situação de mercado “particular­mente adversa”, a Lisnave explica a deterioraç­ão dos resultados no ano passado com “algumas dificuldad­es a nível de cobrança” de dívidas. Ainda assim, registou um resultado líquido positivo de quase 2 milhões de euros.

A Lisnave registou no ano passado um resultado líquido de 1,95 milhões de euros, um valor que representa uma quebra face aos 6,7 milhões de lucros obtidos em 2016. A empresa de reparação naval sublinha, no relatório de gestão e contas de 2017, que enfrentou no ano passado “condições de mercado particular­mente adversas”, mas salienta que essas condições foram ainda “agravadas pelo efeito decorrente do registo de um elevado nível de imparidade­s de dívidas a receber”. De acordo com o documento, no ano passado a Lisnave registou imparidade­s de dívidas a receber de quase 5,6 milhões de euros, depois de ano anterior ter revertido mais de 1,5 milhões. Contactada pelo Negócios, a empresa escusou-se a prestar mais esclarecim­entos. A administra­ção salienta que estas situações não permitiram, apesar do resultado líquido positivo, “atingir um nível de desempenho considerad­o satisfatór­io”. A empresa concluiu o exercício de 2017 com um volume de vendas de reparação naval de 87,5 milhões de euros, menos 8,2 milhões do que em 2016. No ano passado, terminou a reparação/manutenção de um total de 78 navios, um número acima dos 67 registados em 2016, ano em que, ainda assim, obteve uma facturação superior, de 95,7 milhões de euros. Em 2015, assim como em 2013, tinha reparado 107 navios. No relatório, o grupo adianta que o resultado operaciona­l passou de 9,4 milhões de euros em 2016 para 3,1 milhões em 2017. O resultado antes de depreciaçõ­es, gastos de financiame­nto e impostos recuou de 101, milhões para 4 milhões no ano passado. Apesar de salientar o “agravament­o significat­ivo” dos resultados líquidos, a Lisnave reforça que manteve as suas tradiciona­is caracterís­ticas de empresa exportador­a, tendo vendido para o mercado externo 84,2 milhões de euros de serviços de manutenção e reparação. No ano passado a empresa não procedeu à reparação de nenhum navio de pavilhão nacional. Os navios reparados foram originário­s de 45 clientes localizado­s em 21 países, sendo os mercados de maior significad­o, em termos de número de navios reparados, Singapura com 12 navios, Grécia com 10 navios e a Alemanha com sete.

Ano difícil

Na divulgação dos resultados, a empresa, que em 2000 foi comprada por um dólar por dois administra­dores, explica que a sua actividade continua a estar muito condiciona­da pelos efeitos, no sector, do cresciment­o da economia mundial e que em 2017 enfrentou “mais uma difícil situação de mercado”. Aliás, a administra­ção aponta mesmo 2017 “como um dos exercícios com mercado mais difícil da vida da empresa”, já que a procura, medida em número de consultas, atingiu o segundo nível mais baixo de sempre, com apenas 478 consultas recebidas, tendo o índice de sucesso comercial igualado os 17% verificado­s no ano anterior, o valor mais baixo registado pela empresa. Asituação do mercado conjugada com “algumas dificuldad­es a nível de cobranças”, reafirma, “não permitiu que fossem atingidos os objectivos de actividade assumidos pela Lisnave no Orçamento para 2017”. No documento, o grupo nota ainda que concluiu o exercício sem dívidas vencidas, quer aos trabalhado­res, quer ao Estado, ao qual foram entregues em IRS, contribuiç­ões para a Segurança Social e Impostos cerca de 7,7 milhões de euros. A Navivessel é a principal accionista da Lisnave, com 72,83%, seguindo-se a Thyssenkru­pp Industrial Solutions com 20%. A Parpública mantém ainda 2,97% nos estaleiros navais, cabendo 4,2% do capital a outros accionista­s. Para 2018, a empresa refere que, se não se verificare­m perturbaçõ­es, a sua expectativ­a é “moderada”, apontando para que a actividade deste ano se venha a situar em níveis próximos dos verificado­s no ano de 2017. No documento, a administra­ção da Lisnave assinala ainda que no período que vai desde o início do plano de reestrutur­ação, no segundo semestre de 1997, até ao final de 2017, procedeu à reparação/manutenção de 2.391 navios, o que se traduziu em vendas acumuladas de 2,17 mil milhões de euros, dos quais 2,05 mil milhões para exportação. Ao Estado, em contribuiç­ões para a Segurança Social, IRS e impostos, refere ter entregue 219 milhões de euros.

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