Antiga costureira toma conta da Ricon e já contratou 157 ex-trabalhadores
A Sonix ganhou a corrida às instalações e activos industriais da Ricon depois de ter garantido “o coração” da empresa falida.
Temos já assegurado o coração da empresa, todo o seu ‘know-how’, com as chefias e respectivas equipas. Nesta altura já não só os 120 e temos contratadas 157 pessoas.
CONCEIÇÃO DIAS Proprietária da Sonix, em declarações ao Jornal T
Não confirmo nem desminto. PEDRO PIDWELL Gestor judicial
A corrida à reactivação da fábrica-mãe da falida Ricon, em Famalicão, que estava a ser disputada por dois concorrentes de Barcelos, a Valérius e a Sonix, foi ganha por esta última têxtil, que é propriedade de Conceição Dias. Em declarações ao Jornal T, da associação têxtil (ATP), a empresária confirmou que tem o negócio da Ricon acertado com o administrador de insolvência, estando o fecho da operação apenas dependente da luz verde da comissão de credores e, posteriormente, da homologação do juiz do processo. “Não confirmo nem desminto”, reagiu o gestor judicial, Pedro Pidwell, ao Negócios. A dona da Sonix, que quando apresentou a proposta ao gestor judicial tinha já contratado 120 ex-trabalhadores da Ricon, adianta que conta com mais 37 pessoas que trabalhavam para o falido grupo. “Temos já assegurado o coração da empresa, todo o seu ‘know-how’, com as chefias e respectivas equipas. Nesta altura já não só os 120 e temos contratadas 157 pessoas”, adiantou a empresária ao Jornal T, admitindo que possa vir a ficar com quase a totalidade dos 300 trabalhadores da área industrial do grupo. “Pode ser que venhamos a contar com toda a equipa”, afirmou. Filha de mãe doméstica e pai emigrante em França, Conceição Dias, de 56 anos, entrou no mundo laboral aos 13 anos como costureira. Uma década mais tarde, arriscou todas as suas poupanças (180 contos, cerca de 900 euros) em cinco máquinas industriais e tornouse empresária. Oito anos depois, comprou, por 15 mil contos (75 mil euros), a Rineiva, a fábrica onde tinha começado a trabalhar. Hoje, esta “self made wo- man” lidera um negócio com vendas de 60 milhões de euros, que exporta 100% da produção para grandes clientes internacionais. Com uma estrutura de produção vertical, o grupo Sonix detém três unidades industriais em Portugal – a Modelmalhas (tecelagem), a DiasTêxtil (confecção de produto acabado) e a Sonix (tinturaria e acabamentos) –, onde trabalham cerca de 400 pessoas, a que acrescem as 157 já contratadas na antiga Ricon. Outra meia centena de funcionários trabalha numa fábrica de confecções na Tunísia (Startex), que chegou a pertencer à Benetton e que comprou em 2005 para produzir peças de menor valor.