Tó Jó pode alcançar liberdade em abril
Tó Jó, de 39 anos, que esfaqueou até à morte os próprios pais, na madrugada de 12 de agosto de 1999, em Ílhavo, quando tinha 22 anos, acaba de gozar a sua primeira saída precária e poderá alcançar a liberdade condicional em abril.
No Tribunal de Execução de Penas (TEP) de Coimbra já está convocado o conselho técnico que apreciará se o recluso António Jorge Santos, nascido em 1977, já está em condições de sair do Estabelecimento Prisional de Coimbra, para cumprir o resto da sua pena, de 25 anos de prisão, em liberdade condicional.
Esta análise da situação de Tó Jó - como é conhecido o antigo vocalista da banda de “death metal” Agonizing Terror – acontece numa altura em que ele cumpre dois terços da pena – cerca de 16 anos e meio de reclusão.
A lei entrega aos juízes a decisão de colocar os reclusos em liberdade condicional a meio da pena, o que não aconteceu neste caso, ou aos dois terços, se, como diz o Código Penal, “for fundadamente de esperar, atentas as circunstâncias do caso, a vida anterior do agente, a sua personalidade e a evolução desta durante a execução da pena de prisão, que o condenado, uma vez em liberdade, conduzirá a sua vida de modo socialmente responsável, sem cometer crimes”.
Previamente a essa decisão, o Ministério Público será ouvido e reunirá o conselho técnico, constituído por representantes dos serviços prisionais e de reinserção, para discutir os relatórios produzidos e emitir um parecer. Só então uma juíza do TEP ouvirá o recluso e tomará a decisão final sobre a concessão, ou não, da liberdade condicional.
Tó Jó tem tido um bom comportamento na cadeia, mas ainda só beneficiou de uma licença de saída jurisdicional. Mais conhecidas por “precárias”, as saídas jurisdicionais são uma forma de “preparação [do recluso] para a vida em liberdade”. E há vários anos que Tó Jó as vem requerendo. Contudo, só agora lhe foi dada a primeira. Foi no último domingo: o recluso foi passar três dias a casa de uma prima, que reside em Coimbra e tem sido a única pessoa da sua família a visitá-lo na prisão.
Casa vendida e pintada
Vale de Ílhavo, em Ílhavo, nunca esqueceu o macabro crime que ali ocorreu. A saída precária de Tó Jó não fez o duplo homicida rumar à terra onde matou os pais e onde deixou de ter qualquer ligação familiar.
A casa número 60 da Rua Prior Valente, palco do sangrento crime, tem uma nova vida, depois de alguns anos desabitada e sem ninguém ali querer viver. Acabou por ser vendida, pelo banco, a uma família, que sabia de antemão o passado trágico da vivenda. Hoje, está diferente. As paredes outrora cinzentas são amarelas e o jardim está cuidado.
Tó Jó saiu em precária e não regressou ao local onde matou pais