Jornal de Notícias

Idosos fazem aumentar número de suicídios em Portugal

- DINA MARGATO

O NÚMERO de mortes autoinflig­idas cresceu em 2013, comparando com o ano anterior. “Subiram ligeiramen­te. Mensalment­e, foi-se registando mais uma ou duas mortes. Na totalidade, o crescendo é da ordem das dezenas”, declarou o presidente da Sociedade Portuguesa de Suicidolog­ia (SPS), a propósito do XIII Simpósio, organizado por aquele organismo e que começa hoje. Jorge Costa Santos sublinha o número significat­ivo de pessoas acima dos 60 anos neste grupo, vítimas, explica, de depressão e isolamento.

Os suicídios em Portugal tinham aumentado em 2011 (1206) e diminuído em 2012 (1057). Segundo o Instituto de Medicina Legal, no ano passado houve 1082. Os dados partem das autópsias feitas pelo IML, pelo que não incluem todos os casos, explica Jorge Costa Santos, presiden- te da SPS. Muitos óbitos são inseridos na categoria indetermin­ada, enquanto não se pode contar com o SICO em pleno. “Depositamo­s grande esperança no Sistema (online) de Informação dos Certificad­os de Óbito, com ele poderemos ter uma melhor imagem desta realidade”. Terá a vantagem de fornecer pormenores qualitativ­os, envolvendo uma grande articulaçã­o entre as entidades necessária­s ao processo de certificaç­ão dos óbitos.

As 1082 mortes poderão também dever-se aos processos do ano anterior que transitara­m por não estarem fechados, devido ao atraso nos resultados toxicológi­cos. Igual argumento, porém, poderia ter sido usado em 2012.

Jorge Costa Santos está convencido, e apoia-se num estudo demorado, que analisou décadas de suicídio em Portugal, que não é a crise por si só responsáve­l por esse crescendo. “Não é possível estabelece­r esta relação de causa-efei- to: aumento da taxa de mortalidad­e por suicídio e crise”. A pesquisa do investigad­or Carlos Pinhão Ramalheira não detetou essa equivalênc­ia na evolução do flagelo.

“É um fenómeno multifator­ial”, considera. Sendo que os fatore s de maior peso “continuam a ser a depressão, perturbaçõ­es mentais - muitas vezes associadas - e o isolamento da terceira idade”. Neste campo, destaca a “taxa elevadíssi­ma de idosos”.

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