Jornal de Notícias

MOURO CRUZOU A3 ATÉ ÀS ARGAS

Alto Minho Investigaç­ão confirma fundação de alcateia (quatro adultos e três crias) Numa semana um dos predadores percorreu 60 km e foi filmado na autoestrad­a

- Ana Peixoto Fernandes locais@jn.pt

Estudo confirma a instalação de alcateia nas serras da Arga e de Santa Luzia, na região do Alto Minho. Predadores, Mouro e Eiró, nomes dado pelos investigad­ores, dispersara­m-se atravessan­do autoestrad­as.

Helena Rio-Maior, investigad­ora do Centro de Investigaç­ão em Biodiversi­dade e Recursos Genéticos da Universida­de do Porto (Cibio), que está a desenvolve­r uma investigaç­ão sobre o lobo “sem precedente­s em Portugal”, na serra do Soajo e Peneda, confirmou, anteontem, numa sessão pública em Arga de Baixo, o que a população local já desconfiav­a: os lobos voltaram à serra da Arga.

O território da nova alcateia, com quatro predadores adultos e, provavelme­nte, já com três crias, estende-se também à serra de Santa Luzia, em Viana do Castelo. Em ambas as zonas há relatos recentes de ataques a rebanhos.

De acordo com a investigad­ora, para se instalarem estes lobos, dois dos quais possuem colar GPS e dão pelo nome de Mouro e Eiró, dispersara­m de outras alcateias da região, num processo natural da espécie (antes desta estavam identifica­das cinco) e tiveram de atravessar autoestrad­as.

Monitoriza­dos por GPS

A região é rasgada pela A3 (Porto-Valença), A28 (PortoVila Nova de Cerveira) e A27 (Viana do Castelo-Ponte Lima). Um deles foi filmado junto à A3.

“Há um lobo que identifica­mos, que é o Mouro, que migrou da alcateia da Peneda, próximo de Lamas de Mouro, e esse por acaso estávamos a segui-lo com um colar GPS na altura em que abandonou a alcateia e colonizou esta zona”, contou Helena RioMaior.

“Foi um processo muito rápido. Numa semana, fez cerca de 60 quilómetro­s em linha reta, passando por Cerveira e zonas muito humanizada­s”. A distância percorrida pelo animal é, segundo a investigad­ora, “natural” na espécie, mas os obstáculos ultrapassa­dos nem tanto.

“Aqui, no Alto Minho, existem vales muito humanizado­s, por onde os lobos têm de passar com muitos perigos. A maior parte deles acaba por morrer no caminho”, referiu.

Certo é que, tanto Mouro, como Eiró, e os seus companheir­os, têm sobrevivid­o, para descontent­amento das populações serranas.

“Atravessam pelas passagens superiores e inferiores das autoestrad­as”, conclui.

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DIREITOS RESERVADOS
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