ANA AFONSO ÁRBITRA A BRILHAR NO UNIVERSO MASCULINO
FORMA O TRIO de arbitragem com dois homens, mas dentro de campo é ela quem dita as leis. Ana Afonso, 23 anos, é uma das grandes esperanças da arbitragem feminina da A. F. Porto, conseguindo, jogo após jogo, demonstrar que as mulheres também podem triunfar num universo dominado por homens. “Dedicação, persistência e paixão pela arbitragem” são alguns dos atributos que levam a estudante universitária e futura professora do Ensino Básico a contornar as inúmeras dificuldades com que se depara, como sair do balneário para os companheiros se equiparem e escutar críticas machistas. Nada, porém, que a faça desviar do caminho.
“Sempre pratiquei desporto e pensei em seguir a carreira de treinadora. No entanto, em 2008, decidi aventurar-me na arbitragem. Não conhecia ninguém e caí aqui de paraquedas.
Contudo, agora, tenho a certeza de que tomei a decisão correta. Cada vez mais, vale a pena andar à chuva e ao frio por esta causa”, garante, sorridente, Ana Afonso, que esta temporada já participou num jogo da Divisão D’Elite, o principal campeonato da A. F. Porto. Ser internacional é o grande sonho da jovem portuense, consciente de que não terá tarefa fácil.
“No futebol, as mulheres têm de fazer o triplo dos homens para vingar. É preciso ir ao pormenor”, constata, revelando ter a lição bem estudada para responder às críticas. “Errar é humano e é normal que os árbitros o façam. O que mais me irrita é dizerem que falhei por ser mulher e que somos inferiores aos homens”, explica, garantindo que as críticas a têm tornado mais forte. “A arbitragem tornou-me uma mulher mais calma, a ouvir muito e a falar pouco”.
“A sociedade ainda está bastante atrasada no que respeita às mulheres no futebol. Sonho arbitrar um jogo da Liga, mas acho que ainda não será no meu tempo”, admite, resignada, considerando que “o futebol precisa de mais mulheres”.