Jornal de Notícias

De ameaça terrorista aumenta em Portugal

Nível

- ALEXANDRA INÁCIO

AUMENTOU o nível de ameaça terrorista em Portugal. “Não é um perigo iminente, mas um perigo”, defendeu ontem o exministro da Administra­ção Interna Rui Pereira. Não se pode excluir a possibilid­ade de os portuguese­s recrutados pelo Estado Islâmico regressare­m e virem a praticar um atentado no futuro, avisou.

“Quem aderiu ao Estado Islâmico já está a praticar um crime, punível com pena de prisão de oito a 15 anos”, sublinhou, referindo que quem regressar voluntaria­mente a Portugal sem ter praticado mais nenhum outro crime pode ficar isento de responsabi­lidade penal.

À saída de um debate sobre terrorismo e média, Rui Pereira defendeu a criminaliz­ação da apologia do terrorismo (por ser esse o primeiro passo para o recrutamen­to), assim como a “punição de certos atos preparatór­ios, como as viagens feitas para receber treino”.

O ex-ministro também considera que seria eficaz na luta contra o terrorismo a possibilid­ade de os Serviços de Informaçõe­s poderem fazer escutas, desde que aprovadas e fiscalizad­as por juízes. “Podiam ser três juízes nomeados pelo Conselho Superior da Magistratu­ra”. O problema, refere, é que essa alteração legislativ­a, que colocaria os serviços de informaçõe­s nacionais em pé de igualdade com os con-

Rui Pereira géneres europeus, implicaria uma revisão constituci­onal que requer a aprovação de uma maioria de dois terços dos deputados.

Resposta militar

No debate, promovido pelo Observatór­io de Segurança, Criminalid­ade Organizada e Terrorismo, realizada no Grémio Literário, em Lisboa, defendeu-se a resposta militar ao Estado Islâmico, como a única capaz de enfrentar a organizaçã­o.

O terrorismo global acentuou-se com as “primaveras árabes” e o desmoronar de estados como a Síria ou a Líbia. Aliás, também se alertou, não será possível enfrentar as organizaçõ­es como o Estado Islâmico ou a al-Qaeda sem se resolver antes a estabilida­de política nesses países.

Além de Rui Pereira, também participar­am no debate Júlio Pereira, diretor do Sistema de Informaçõe­s da República Portuguesa, o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicaçã­o Social, Carlos Magno, e Henrique Monteiro, do “Expresso”.

ADESÃO AO ESTADO ISLÂMICO É CRIME PUNÍVEL COM PENAS DE OITO A 15 ANOS DE PRISÃO “Embora Portugal não esteja na primeira linha da ameaça terrorista fundamenta­lista, nos últimos tempos essa ameaça aumentou”

Observatór­io de Segurança (OSCOT)

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