Estado pode encaixar 173M€ com BCE
O BANCO DE PORTUGAL pode lucrar mais de 200 milhões de euros (M€) com as compras em larga escala de dívida pública e o Estado português, como seu acionista, poderá realizar “poupanças” com estas operações, indicam investigadores do Bruegel. Cálculos do Dinheiro Vivo colocam o ganho dos contribuintes em 173M€.
Face ao tamanho das economias, Portugal será mesmo o 2. país mais beneficiado pelo programa de expansão monetária (QE ou “quantitative easing”). Só ultrapassado por Chipre. O BdP fará algum lucro com o QE, estimam o Bruegel, e depois deve transferi-lo para o acionista Estado. Normalmente, o banco central devolve 80% dos resultados líquidos ao Tesouro.
Um estudo ontem divulgado pelo Bruegel diz que, mesmo que os bancos centrais comprem alguns lotes de OT a taxas de juro negativas (pode acontecer na Alemanha, Holanda e Finlândia, por exemplo), as taxas de juro médias ponderadas nunca serão negativas, indicam as hipóteses assumidas pelos economistas.
No caso de Portugal, estimam, a taxa média será 1,32% e o total de compras ao abrigo do QE (até setembro do ano que vem) deve ascender a 20,7 mil milhões de euros (MM€), não devendo passar 1,1MM€ ao mês.
Assim, o BdP pode lucrar 62,6M€ este ano e 153,5M€ no próximo. Dá 216,1M€ no total. Não é muito, tendo em conta a escala do QE, mas terá dos maiores impactos relativos entre os países do euro: o ganho nacional corresponde a 0,11% do PIB cá. Mais só em Chipre (0,33% do PIB).
Assumindo a política recente de distribuição dos lucros do BdP (80% para o Estado a título de dividendos), significa que o Tesouro ainda pode vir a encaixar 173M€ na sequência do QE.
O maior ganho absoluto acontecerá em Itália (poupanças de 1,3MM€ nos 19 meses em análise), logo a seguir vem Espanha (840M€) e Alemanha (524M€).