Uniram-se contra despejo de mãe e duas crianças
Habitação municipal ocupada de forma ilegal. “Não tinha onde viver”, diz
“PINTO MOREIRA olha as crianças” e “Juliana fica” foram as palavras de ordem das cerca de 150 pessoas que, na tarde de ontem, se juntaram em Silvalde, Espinho, para contestar a intenção da Câmara de proceder à desocupação coerciva de uma habitação da municipal. Nela vivem uma mulher e duas crianças.
De mãos dadas, os presentes efetuaram um cordão humano exigindo que a Autarquia volte atrás na intenção de obrigar a família a deixar a casa n.o 6 do Bairro Novo.
Juliana Ferreira, 27 anos, desempregada, ocupou a ha- bitação social a 13 de fevereiro, depois de um familiar ter abandonado a casa por também lá se encontrar em situação irregular.
“Não tinha um teto onde viver e tive que me socorrer do que tinha disponível”, justificou a mulher perante a acusação da autarquia de que a ocupação foi “ilegítima” e “ilegal”.
Juliana, mãe de uma criança de sete anos e de outra de três anos, diz que só tomou essa atitude depois de os pedidos de ajuda não terem resultado. “Pedi ajuda à assistente social para ver se resolvia o meu problema, mas ninguém na Câmara me ajudou”, disse.
A munícipe acabaria por ser recebida na autarquia pela vereadora responsável pelo pelouro da Ação Social, Leonor Fonseca, e por um técnico, mas o problema não foi resolvido.
Recusou apartamento
Juliana Ferreira confirma que não aceitou a oferta da Autarquia para ocupar um apartamento (T0), em Paramos. “Era provisório e nem sequer me deixavam ir ver o apartamento antes de aceitar”, justificou, dessa forma, a decisão.
Através de um comunicado, a Câmara Municipal de Espinho fez saber que, perante a recusa da munícipe em aceitar o apartamento ou o apoio ao arrendamento privado, via Segurança Social, “não resta alternativa se não proceder à desocupação coerciva”. O despejo deverá acontecer amanhã.