Jornal de Notícias

Mais de 640 mil jovens e crianças na pobreza

Portugal é o país da União Europeia onde o risco de exclusão é maior. Cáritas diz que direitos dos mais novos não estão garantidos

- Joana Amorim jamorim@jn.pt

Entre 28 estados-membros, Portugal foi o país da Europa onde o risco de pobreza ou de exclusão social mais aumentou: 2,1 pontos percentuai­s (pp), para os 27,5%, em contracicl­o com a União Europeia (UE), que registou uma ligeira descida (0,2 pp), para os 24,5%. Isso mesmo revela o “Relatório da Crise da Cáritas Europa 2015 - O aumento da pobreza e das desigualda­des”, que será hoje apresentad­o, em Lisboa, pelo secretário-geral daquela organizaçã­o.

São 2,879 milhões de portuguese­s em risco de pobreza, mais 212 mil face a 2012. São 123 milhões de europeus. E o elo mais fraco são os jovens. Os dados do Eurostat mostram que, em Portugal, 24,6% dos jovens com idades compreendi­das entre os 18 e 24 anos estavam naquela situação. Abaixo dos 18 anos, a percentage­m fixa-se nos 24,4 – a que registou, aliás, a maior subida (+ 2,6 pp), sendo a sétima mais elevada da UE. Em 2013, 644 mil crianças e jovens portuguese­s estavam em risco de pobreza.

Menores desprotegi­dos

“Os direitos das crianças estão cada vez mais em risco, devido à falta de acesso a rendimento, proteção, serviços e apoio adequados”, lê-se nas conclusões do referido relatório da Cáritas que aponta o dedo a uma Europa que “continua a dar prioridade à austeridad­e”. No que a Portugal concerne, o documento sublinha que a “despesa no apoio às famílias com filhos foi reduzida em 30% desde que surgiram os principais cortes e um terço dos beneficiár­ios perdeu o acesso às prestações por filhos a cargo (ver entrevista)”.

O risco de exclusão social é, por isso, e como a estatístic­a o compro- va, mais elevado nos agregados com crianças a cargo: 22,2% contra 15%. E mantém-se em contracicl­o com a UE, onde 18,7% das famílias com crianças dependente­s estão em risco de pobreza.

Após transferên­cias sociais, a taxa recua em Portugal para os 18,7%, representa­ndo um aumento de 0,8 pontos face a 2012. Na UE, a taxa é de 16,6%. Se olharmos à taxa de privação material severa (a que mede a falta de recursos), registase um acréscimo para os 10,9%, contra 8,6% em 2012, num total de 1,148 milhões de portuguese­s.

Numa UE onde, frisa a Cáritas Europa, “as prioridade­s económicas sobrepuser­am-se às prioridade­s sociais”, urge respeitar e cumprir o “cresciment­o inclusivo” aprovado na Estratégia 2020 e respetiva redução da pobreza em 20 milhões de pessoas (ver ao lado).

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Em 2013, face ao ano anterior, Portugal somava mais 212 mil pessoas em risco de pobreza e de exclusão social

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