Escola deixa menino sem almoço por esquecimento da mãe
Vila do Conde Marcação tem de ser feita todos os dias e pais esqueceram-se. Nem com os pedidos da mãe o almoço foi servido a Martim
“O que fizeram ao meu filho é desumano! Não darem de comer a uma criança de sete anos porque os pais esqueceram-se de tirar a senha?” Vilma Ribeiro ainda não acredita. O caso da EB1 de Parada, em Guilhabreu, é apenas um entre muitos. O “rigor” do sistema de marcação obrigatória pela Internet deixa indignados os pais. A Câmara diz que era “incomportável” ter, todos os dias, “centenas” de crianças sem marcação para almoçar. Agora, aos “esquecidos”, só assegura sopa, pão e fruta e passaram de centenas para “dois ou três”.
“Recebi um telefonema da escola às 11.26 [de sexta-feira] a dizer que o meu filho não tinha marcação. Liguei para a Câmara e disseram-me que não podiam fazer nada. Liguei para a cantina a pedir por favor para lhe darem de comer que pagava mais, se fosse preciso. Disseram-me que não podiam abrir exceções”, afirmou, ao JN, Vilma Ribeiro. A mãe acabou por largar o trabalho, a 15 quilómetros, para ir buscar o pequeno Martim Queirós Ribeiro à escola. Agora, diz, vai denunciar o caso “até às últimas instâncias”.
“Só chorava, porque lhe disseram: ‘Vais ficar sem almoço, porque a tua mãe não fez a marcação’. Fartou-se de vomitar”, continua a contar, indignada, Vilma.
“Chegamos a ter 350 crianças sem marcação num universo de três mil almoços. Não há refeição que estique. Ainda assim asseguramos a todos uma refeição ligeira: sopa, pão e fruta”, contou a vereadora da Educação, Lurdes Alves, justificando o “rigor” com as marcações que a Autarquia decidiu imprimir a partir de janeiro.
Falta de qualidade e quantidade Lurdes Alves explica que havia muitas queixas da “falta de qualidade e de quantidade das refeições servidas” no pré-escolar e 1.º Ciclo, que a própria Câmara constatou no terreno. Reuniu com a empresa – a Uniself – que contra-argumentou com as muitas refeições “extra”. A Câmara teve que atuar.
“A verdade é que agora temos um número muito residual de esquecimentos – dois ou três por dia –e a qualidade das refeições melhorou”, frisou, acrescentando ainda que Vilma Ribeiro diz que a falta de marcação foi um “ato único isolado”, mas que é a “3ª vez recentemente que a mãe se esquece”.