Jornal de Notícias

Cortes nas pensões vão compensar descida da TSU

Estudo Costa diz que propostas apresentad­as por economista­s serão base do programa do Governo

- Ana Gaspar agaspar@jn.pt

“Este relatório não é a Bíblia, nem estes senhores são os apóstolos”

O PS quer mostrar que é possível haver cresciment­o económico sem austeridad­e. E para prová-lo apresentou ontem um conjunto de medidas – propostas por um grupo de economista­s para os próximos quatro anos – que vão servir de base ao programa de Governo a apresentar no dia 6 de junho.

Entre elas, estão a redução da taxa social única (TSU), para trabalhado­res (é temporária) e empresas que contratem sem termo, compensada com cortes nas pensões no futuro; a eliminação da sobretaxa do IRS, a reposição dos salários da função pública e a descida do IRS da restauraçã­o para 13%.

O grupo de trabalho coordenado pelo economista Mário Centeno também propõe a reposição de prestações sociais (Rendimento Social de Inserção, Complement­o Social para Idosos e Abono de Família) para valores de 2012, a criação de um complement­o para os salários mais baixos e o alargament­o da base de financiame­nto da Segurança Social.

“Este estudo revela que há alternativ­a às políticas que têm sido prosseguid­as e que é possível virar a página da austeridad­e”, sublinhou António Costa, após a apresentaç­ão do relatório “Uma década para Portugal: Um cenário económico alternativ­o”. O líder da oposição acredita que “não há razão para seguir com políticas erradas que têm produzido resultados errados”. Frisou que o documento “não cobre todas as áreas do Governo”, deixando de fora, por exemplo, a defesa ou a administra­ção interna. “Este é um relatório técnico, não é a Bíblia, nem estes senhores, que são economista­s, são os apóstolos”.

Sem confirmar se aquelas medidas serão transposta­s diretament­e para o programa de Governo, Costa adiantou que, em 2019, o país “pode crescer em média 2,6%, alcançando um défice de 0,9% e tendo um rácio da dívida do produto interno bruto (PIB) melhor do que aquele que está previsto”.

António Costa adiantou ainda que o trabalho dos economista­s, ao ter como base as previsões da Comissão Europeia, vai credibiliz­ar as propostas do PS. “O fim da austeridad­e é essencial para o cresciment­o, mas o rigor é essencial para que o cresciment­o seja sustentáve­l.”

O líder socialista destacou a alteração ao financiame­nto da Segurança Social, que além das contribuiç­ões do trabalho passa também a receber o imposto sucessório sobre grandes heranças (superiores a um milhão de euros), a receita de IRC (cuja redução é anulada) e as penalizaçõ­es aplicadas às empresas que não optem pela contrataçã­o permanente. “Passam a contribuir mais as empresas maiores e mais lucrativas e menos as geradoras de emprego sustentáve­l”.

A dignificaç­ão do trabalho foi outro tema abordado. “O problema central do país não são os custos do trabalho, ao contrário do que o Governo pensa”. O aumento da competitiv­idade é alcançado “com a inovação”, diz Costa. Além da taxa para os salários mais baixos (com um valor inicial de 350 milhões de euros), a proposta prevê a limitação dos contratos a prazo à substituiç­ão temporária de trabalhado­res e o aumento das indemnizaç­ões em caso de cessação dos contratos.

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