Capitão do navio suspeito de homicídio
Migração Amnistia Internacional e Unicef pedem à Europa uma “ação rápida”
Mortas mais de 800 pessoas no naufrágio de um navio no Mediterrâneo, este fim de semana, ontem a Itália deteve o capitão, suspeito de homicídio múltiplo, e um tripulante, a quem acusa de tráfico de seres humanos. Amanhã, a União Europeia reúne-se de urgência para debater a crise aguda no Mediterrâneo, pressionada por múltiplos apelos a que tome medidas concretas e imediatas para prevenir novas tragédias.
Ontem, a Unicef pedia “uma ação rápida, coletiva e determinada” para melhorar as condições de migração de africanos em direção ao Norte. Não são só os riscos que correm durante a viagem, mas também as condições de detenção a que são sujeitos, tanto adultos quanto crianças. Entre as medidas que a Unicef quer ver tomadas estão a execução das salvaguardas para crianças não acompanhadas, o reforço das ações de busca e salvamento, o julgamento criminal dos traficantes de seres humanos e o combate às causas das migrações: guerra, pobreza e opressão.
Também a Amnistia Internacional exige que a Europa decida, amanhã, lançar imediatamente uma operação de salvamento em larga escala, no Mediterrâneo. “Os líderes europeus têm uma oportu- nidade histórica para acabar com uma crescente tragédia humanitária de proporções titânicas”, disse John Dalhuisen, diretor para a Europa e Ásia Central.
Igualmente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas está “fortemente preocupado” com a “recente proliferação, com risco de vida, do tráfico de migrantes” e as implicações que terá para a estabilidade regional. A Europa, disse, deve pôr as questões de asilo no centro do debate sobre imigração.
Esse debate continuará amanhã, quando os líderes europeus reunirem de emergência. O presidente francês, Francois Hollande, compa- rou os traficantes a terroristas e disse esperar que o Conselho Europeu aja de forma decisiva. Hoje, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, encontra-se com representantes da União Africana.
A Reuters noticiou ontem que, nos últimos dias, a Líbia impediu a partida de vários barcos rumo à Itália e deteve mais de 600 migrantes. O país está mergulhado numa guerra civil que permitiu a proliferação de máfias de tráfico de seres humanos. Só desde segunda-feira, a Guarda Costeira italiana e navios mercantes resgataram mais de um milhar de pessoas.