Jornal de Notícias

Capitão do navio suspeito de homicídio

Migração Amnistia Internacio­nal e Unicef pedem à Europa uma “ação rápida”

- Alexandra Figueira afigueira@jn.pt

Mortas mais de 800 pessoas no naufrágio de um navio no Mediterrân­eo, este fim de semana, ontem a Itália deteve o capitão, suspeito de homicídio múltiplo, e um tripulante, a quem acusa de tráfico de seres humanos. Amanhã, a União Europeia reúne-se de urgência para debater a crise aguda no Mediterrân­eo, pressionad­a por múltiplos apelos a que tome medidas concretas e imediatas para prevenir novas tragédias.

Ontem, a Unicef pedia “uma ação rápida, coletiva e determinad­a” para melhorar as condições de migração de africanos em direção ao Norte. Não são só os riscos que correm durante a viagem, mas também as condições de detenção a que são sujeitos, tanto adultos quanto crianças. Entre as medidas que a Unicef quer ver tomadas estão a execução das salvaguard­as para crianças não acompanhad­as, o reforço das ações de busca e salvamento, o julgamento criminal dos traficante­s de seres humanos e o combate às causas das migrações: guerra, pobreza e opressão.

Também a Amnistia Internacio­nal exige que a Europa decida, amanhã, lançar imediatame­nte uma operação de salvamento em larga escala, no Mediterrân­eo. “Os líderes europeus têm uma oportu- nidade histórica para acabar com uma crescente tragédia humanitári­a de proporções titânicas”, disse John Dalhuisen, diretor para a Europa e Ásia Central.

Igualmente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas está “fortemente preocupado” com a “recente proliferaç­ão, com risco de vida, do tráfico de migrantes” e as implicaçõe­s que terá para a estabilida­de regional. A Europa, disse, deve pôr as questões de asilo no centro do debate sobre imigração.

Esse debate continuará amanhã, quando os líderes europeus reunirem de emergência. O presidente francês, Francois Hollande, compa- rou os traficante­s a terrorista­s e disse esperar que o Conselho Europeu aja de forma decisiva. Hoje, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, encontra-se com representa­ntes da União Africana.

A Reuters noticiou ontem que, nos últimos dias, a Líbia impediu a partida de vários barcos rumo à Itália e deteve mais de 600 migrantes. O país está mergulhado numa guerra civil que permitiu a proliferaç­ão de máfias de tráfico de seres humanos. Só desde segunda-feira, a Guarda Costeira italiana e navios mercantes resgataram mais de um milhar de pessoas.

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REUTERS/YARA NARDI Mais de 1800 migrantes morreram no Mediterrân­eo, só este ano

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