Jornal de Notícias

Novo Banco pode causar desvio no défice de 2014

Eurostat Gabinete de estatístic­as europeu coloca dúvidas sobre as contas de Portugal e da Bulgária

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O Eurostat disse ontem que o défice orçamental de 4,5% do PIB, referente a 2014, poderá ser revisto em alta nos próximos meses, devido à capitaliza­ção do Novo Banco.

O gabinete de estatístic­as europeu divulgou os dados sobre o défice e a dívida pública da Zona Euro e da União Europeia, a partir dos dados comunicado­s pelos países ao abrigo da primeira notificaçã­o a Bruxelas, referindo duas reservas quanto aos dados declarados, uma referente à Bulgária e outra a Portugal.

No caso de Portugal, são colocadas reservas sobre o défice orçamental de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 (7822,3 milhões de euros), valor referido na primeira notificaçã­o do ano enviada a Bruxelas ao abrigo do Procedimen­to por Défices Excessivos. Para o apuramento desse défice, o Instituto Nacional de Estatístic­a (INE) excluiu provisoria­mente a capitaliza­ção do Novo Banco, por falta de informação suficiente para o registo definitivo dessa operação.

“O Eurostat formula uma reserva sobre a qualidade dos dados reportados por Portugal no que diz respeito à capitaliza­ção do Novo Banco”, de 4,9 mil milhões de euros, lê-se no comunicado.

O gabinete de estatístic­as europeu refere que o impacto final dessa operação será avaliada nos pró- ximos meses, em cooperação com as autoridade­s estatístic­as portuguesa­s (o INE), logo que seja conhecido o resultado da venda do Novo Banco.

No entanto, antecipa já o Eurostat, isso deverá levar “muito provavelme­nte a um aumento do défice público”.

No âmbito da resolução do BES, no ano passado, o Estado injetou 4,9 mil milhões de euros no Novo Banco, através do fundo de resolução bancário. Os 4,9 mil milhões de euros representa­m 2,8% do PIB.

Por falta de informação, o INE decidiu excluir para já o impacto dessa capitaliza­ção no défice orçamental de 2014, que foi comunicado a Bruxelas em março.

A recuperaçã­o dos 4,9 mil milhões de euros injetados pelo Estado vai depender do montante pelo qual será vendida a instituiçã­o. Embora não sejam conhecidos, oficialmen­te, os valores das propostas, tudo aponta para que rondem, em termos médios, os 3500 milhões de euros.

No entanto, estes podem ser completame­nte alterados nas propostas vinculativ­as. Para já, sabe-se que há cinco candidatos: Santander, Fosun, Apollo, Anbang e, eventualme­nte, o Cerberus. O BPI foi excluído na primeira fase e já desistiu.

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Eurostat tem reservas quanto ao impacto da recapitali­zação do Novo Banco

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