Jornal de Notícias

“Mentiras” diz que não atirou para matar

Montalegre Suspeito do homicídio de dono de bar de alterne esteve fugido 8 anos e começou a ser julgado

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João Morais Pereira, 66 anos, mais conhecido como João “Mentiras”, disse ontem em tribunal que não disparou para matar o dono de uma casa de alterne, em Solveira, Montalegre, em abril de 2007. Preso em dezembro do ano passado pela Polícia Judiciária, após oito anos em fuga, João Pereira começou ontem a ser julgado no Tribunal de Vila Real.

O arguido explicou que logo após o crime fugiu para França, mas que só lá permaneceu cerca de três meses. Depois disso, garante, esteve “sempre” em casa, em Chaves, até ser detido na noite de consoada, numa operação que a Polícia Judiciária caracteriz­ou na altura como de “elevado índice de perigosida­de”. Foi-lhe apreendido grande número de armas

João “Mentiras” ganhou a alcunha pelo facto de explorar um restaurant­e com o mesmo nome. Razões de concorrênc­ia chegaram a ser avançadas para a zanga entre ele e o dono do bar Tocha. Ambos tiveram uma discussão em Chaves, no dia anterior ao crime.

Ontem, o arguido admitiu que estava alcoolizad­o e contou que a vítima, de 44 anos , lhe “partiu vá- rios dentes” e o deixou a “sangrar do nariz, boca e ouvidos”. Acrescento­u ainda que ficou “descontrol­ado” porque a vítima ameaçou a sua família.

“Mentiras” contou ainda ao coletivo de juízes que a sua vida “não andava a correr bem”. “Estava divorciado há pouco tempo e às vezes bebia um copo”, revelou. No dia seguinte, deslocou-se ao bar de alterne. Levou uma caçadeira com a intenção de “intimidar” o dono do bar para que ele não lhe voltasse a bater. “Apontei para a mão” Quando chegou ao bar, relata, perguntou ao dono: “Como tens coragem de bater num homem com a minha idade?”. Ele ter-lhe-á dito que tinham de conversar e baixou-se para dentro do carro. “Ele tirou de lá uma pistola e eu descontrol­ei-me. Apontei para a mão, sei que lhe dei um tiro mas pensei que estava vivo quando saí de lá”, revelou.

O alegado homicida disse estar “muito” arrependid­o do que fez. “Eu não andava em mim, mas nunca na vida pensei fazer mal a ninguém”, disse ao coletivo de juízes, admitindo ainda que errou ao ir ao encontro da vítima com a arma. João “Mentiras” pediu ainda desculpa ao tribunal e à família.

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João Morais Pereira disse em tribunal que apenas quis intimidar

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