Jornal de Notícias

PS propõe pagar casa para cativar professore­s

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

O PS quer estabiliza­r as equipas docentes nas escolas básicas e secundária­s. No relatório macroeconó­mico “Uma década para Portugal”, feito por 12 economista­s a pedido de António Costa, é proposto o prolongame­nto dos contratos dos docentes e incentivos económicos para a sua fixação em escolas de “zonas menos atrativas”. O programa eleitoral do PS será apresentad­o dia 6.

“A ideia é dar estabilida­de no emprego, prolongand­o os contratos”, sublinha Manuel Caldeira Cabral, um dos economista­s envolvidos no documento que servirá de base para o programa do PS. A forma como será aplicada a medida ainda não está detalhada, mas a proposta prevê a criação de incentivos – por exemplo para o arrendamen­to de casa ou deslocaçõe­s – que promovam a fixação dos docentes no interior ou em zonas desfavorec­idas. O documento prevê, ainda, penalizaçõ­es para quem concorre a múltiplos concursos e pretende responsabi­lizar as escolas que não façam um “planeament­o estável”.

O líder da Fenprof considera os incentivos justos já que, muitas vezes, os docentes preferem horários incompleto­s a completos longe de casa. “As despesas não compensam. É preciso uma segunda casa e transferir os filhos.” Em relação ao prolongame­nto dos contratos, Mário Nogueira frisa que deviam antes ser criadas mais vagas de quadro.

“Parece música para os nossos ouvidos”, ironiza César Paulo. Para o presidente da Associação de Professore­s Contratado­s, a dúvida é como será operaciona­lizada a medida já que as escolas definem anualmente as suas necessidad­es. Sobre os incentivos, o docente considera a proposta de “elementar justiça”, até porque outras classes como médicos e juízes “têm ou tiveram um subsídio para fixação”.

Financiar com IRS dos ex-alunos Outra proposta feita pelos economista­s é o reforço do financiame­nto das instituiçõ­es de ensino superior através do IRS de ex-alunos. O valor da consignaçã­o ainda não está definido, mas Manuel Caldeira Cabral prevê que, em dez anos, o financiame­nto possa ser reforçado entre 10 a 20%.

“As instituiçõ­es devem empenhar-se na entrada dos seus alunos no mercado de trabalho”, explicou. A medida tornaria visível o “retor- no”, em termos de empregabil­idade, do investimen­to feito na formação. Também pretende travar a “fuga de cérebros”, insiste.

“Quanto maior a empregabil­idade, maior o retorno” – o princípio será esse, interpreta Joaquim Mourato. O presidente do Conselho Coordenado­r dos Institutos Politécnic­os elogia a proposta. mas teme novos cortes na dotação orçamental,

PS quer financiar universida­des com consignaçã­o do IRS dos ex-alunos

tal como o presidente da Federação Académica do Porto. Daniel Freitas considera que os descontos deviam integrar um “bolo geral, distribuíd­o por todas as instituiçõ­es em vez de uma consignaçã­o direta para as ex-escolas”.

Já o presidente da Associação Académica do Minho diz que a proposta é “avulsa” por não se enquadrar numa revisão da lei de financiame­nto. Carlos Videira defende que o reforço deve ser feito por dotação orçamental.”

António Cunha, presidente do Conselho de Reitores, classifica como “positivas as propostas de reforço do financiame­nto”, mas adia uma posição para quando conhecer detalhes.

O que espero do próximo Governo é que resolva o problema da precarieda­de com novas entradas nos quadros” Mário Nogueira Secretário-geral da Fenprof “As propinas, quando foram anunciadas também, eram para melhorar a qualidade do ensino. Hoje, pagam vencimento­s” Joaquim Mourato Presidente CCISP

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A proposta dos socialista­s passa por consignar parte do IRS dos ex-alunos às instituiçõ­es onde se formaram

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