Jornal de Notícias

Agenda de Passos adia abertura de porto de cruzeiros

Matosinhos Guilherme Pinto fala em “falta de consideraç­ão” e diz que Passos Coelho vai inaugurar algo que com ele não teria sido feito

- Pedro Olavo Simões psimoes@jn.pt

O que seria uma grande festa transformo­u-se num vago adiamento. A inauguraçã­o do novo terminal de passageiro­s do Porto de Leixões, marcada para ontem, foi cancelada e adiada sine die. Cancelada e adiada fica, também, a abertura da nova estrutura à população, prevista para este fim de semana e integrada no programa do Senhor de Matosinhos. As causas do impasse poderão estar ligadas à agenda do primeiro-ministro, o que leva o presidente da Câmara de Matosinhos a ironizar: “Estou muito expectante, extremamen­te curioso, mesmo, sobre o que o dr. Passos Coelho vai dizer sobre uma obra que, por ele, não se teria realizado, por a considerar despesista”.

Guilherme Pinto considera que esta mudança, cujas causas não lhe foram comunicada­s pela Administra­ção dos Portos do Douro e Leixões (APDL) – “não sabem muito bem por que foi adiado”, diz –, “é uma falta de consideraç­ão para com os convidados e a população em geral”. Algo que o autarca apenas aceitaria havendo um motivo muito válido, que diz não vislumbrar, aproveitan­do para lançar mais uma alfinetada ao chefe do Governo: “É sempre bom inaugurar equipament­os que outros fizeram”.

“Há um desconfort­o brutal na comunidade”, acrescenta Guilherme Pinto, vincando a importânci­a que o novo equipament­o tem para o concelho, em particular por Leixões deixar de ser apenas um porto onde os cruzeiros fazem escala, prevendo-se que passe a haver operações de “turn around” (embarque inicial ou desembarqu­e final de passageiro­s, em articulaçã­o, por exemplo, com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro). “É evidente que uma estrutura como esta vai induzir um aumento do número de dormidas”, diz Guilherme Pinto, que, a propósito dos “vários pedidos” para instalação de hotéis existentes na Câmara, aproveita para criticar de novo o Poder Central: “O Estado não compartici­pa projetos de hotéis em Matosinhos, porque diz que o Porto está saturado, mas continua a apoiar no Porto e em Gaia. Só em Matosinhos é que não”.

Inaugurado em abril de 2011, o cais de cruzeiros junto ao novo terminal já encetou uma revolução no tráfego de passageiro­s, pois permite a acostagem de navios de grande dimensão (tem 340 metros e pode acolher navios com até 300 metros de compriment­o), que representa­m um fluxo de muitos milhares de passageiro­s.

Para este ano, estão previstas 90 escalas de navios de cruzeiros (incluem-se navios de menor dimensão, que atracam do lado de Leça da Palmeira), e as expetativa­s da APDL, plasmadas numa reportagem que o JN publicou em setembro do ano passado, passam por ter, até 2018, 111 escalas anuais de navios de cruzeiro, a que correspond­em 126 500 passageiro­s.

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