Cooperativa dá terrenos a quem produzir cereja
Alfândega da Fé Produção tem diminuído devido ao abandono e também por ser um fruto sensível ao clima e muito perecível
A Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé vai ceder terrenos a jovens para plantarem cerejeiras, de modo a incentivar a produção que, nos últimos anos, se tornou deficitária no concelho, onde em tempos se chegaram a produzir 500 toneladas. O projeto já está delineado e, segundo Eduardo Tavares, presidente da cooperativa, “a ideia passa por ceder os terrenos por 20 anos a jovens agricultores e a investidores”, para atrair mais gente para a produção deste fruto que, depois, esteja disponível para comercializar com a marca ‘Terras de Alfândega da Fé”.
O concurso abre durante a Festa da Cereja, que decorre entre 5 e 7 de junho, e os interessados terão um prazo de 45 dias para apresentarem propostas. Estarão disponíveis 20 hectares, divididos em cinco parcelas. “Com isto queremos aumentar a produção e trazer mais qualidade à cereja, bem como relançar a cultura para uma importância económica que já teve”, sublinhou Eduardo Tavares.
A produção anual do concelho ronda as 100 toneladas. Só a Cooperativa Agrícola, o maior produtor, colhe entre 50 e 60 toneladas. Todavia, aquela cultura tem vindo a “perder importância económica”, revelou Eduardo Tavares. É urgente produzir mais, pois, na Festa da Cereja de 2014, o fruto esgotou antes do último dia do certame. “A cultura está em declínio e verificase muito abandono por parte dos produtores porque é um fruto com sensibilidades, por causa do clima e por ser facilmente perecível, o que obriga à comercialização em dois ou três dias, ou então exige uma boa estrutura de frio para a sua conservação”, explicou.
Ainda assim, trata-se de uma produção “com potencial”, garante Eduardo Tavares, “por ser um fruto apetecível”. Só que em Alfândega da Fé “é preciso corrigir erros do passado”, confessou.
Boa comercialização
A comercialização tem corrido bem, além da produção que vende para grandes superfícies, o produto é também colocado na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, na Feira de Seixezelo (Vila Nova de Gaia) e na Festa da Cereja local, onde se vende 50% da colheita.
“Temos recusado propostas de comercialização para o estrangeiro porque não temos quantidade su- ficiente”, acrescentou Eduardo Tavares.
A cereja é a imagem de marca de Alfândega da Fé, pelo que a Cooperativa Agrícola e a Câmara Municipal uniram-se para lutar pela sua defesa, estando em marcha o processo de certificação daquele fruto, com vista à obtenção de denominação geográfica protegida, baseada nas características organoléticas. “Temos de defender a qualidade da nossa cereja”, sublinhou Eduardo Tavares.
A autarca alfandeguense, Berta Nunes, destaca o investimento na investigação da criação de produtos à base de cereja (ver caixa ao lado) para “estimular o seu consumo”.
300 a 500 mil euros por campanha no total do concelho de Alfândega da Fé, num ano de produção média, é quanto se fatura pela venda de cereja em fresco. A ideia agora é elevar esse valor produzindo mais.