Jornal de Notícias

PS deverá ajustar propostas mais controvers­as

Programa eleitoral Documento foi aprovado pela Comissão Política, mas houve críticas à forma como a redução da TSU e o contrato único laboral são propostos

- Carla Soares * carlas@jn.pt

projeto de programa eleitoral do PS foi aprovado por unanimidad­e pela Comissão Política, mas várias medidas motivaram críticas na reunião de anteontem. Em causa estão a redução da Taxa Social Única (TSU), a introdução do contrato único de trabalho e a diversific­ação das fontes de financiame­nto da Segurança Social. O líder socialista, António Costa, admitiu já a necessidad­e de tratar melhor os pontos controvers­os, com uma discussão mais focada e detalhada.

Embora o apoio tenha sido unânime, o documento arrisca-se a colher votos contra na votação final no próximo dia 6 se não for ajustado. No domingo, continua a ser debatido em Comissão Nacional. E, ao contrário do que aconteceu na Comissão Política, já estará completo.

Dos poucos que falaram à margem da reunião, destaca-se José Abraão, dirigente da UGT. “Com o contrato único, a coberto da tentativa de reduzir a precarieda­de, pode estar a facilitar-se o despedimen­to. Isso coloca toda a gente numa maior precarieda­de”, avisou. Até à Convenção Nacional do dia 6, espera que “possam entrar propostas no sentido de avaliar melhor esse contrato único” e também a redução da TSU em 4% porque “não estão claras as formas de financiame­nto da Segurança Social, o que poderá reduzir a prazo as pensões”.

Portas critica experiment­alismos

Mário Centeno, que lidera o grupo de economista­s do PS, há muito que defende o contrato único, acabando com os contratos a prazo, mas garantindo a adaptabili­dade de trabalhado­res e empresas à evolução das condições económicas. Os sindicalis­tas têm denunciado que isto facilita os despedimen­tos por alegadas razões económicas.

“Não precisamos do contrato único para precarizar todos os trabalhado­res, independen­temente de terem um contrato precário ou efetivo, precisamos é de uma revogação das normas gravosas do código do trabalho”, atacou ontem o líder da CGTP, Arménio Carlos.

No PS, quem já avisou que pode estar contra o programa na votação final de junho foi a líder da Associação de Aposentado­s, Pensionist­as e Reformados. Maria do Rosário Gama saiu da reunião de anteontem sem votar, após explicar que uma descida da TSU para empregador­es e trabalhado­res, tal como é formulada na proposta, é “a sua linha vermelha”. Vera Jardim, segundo apurou o JN junto de socialista­s presentes na reunião, criticou o modelo escolhido para o programa, consideran­do-o demasiado extenso e, por isso, de difícil leitura.

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, considerou entretanto perigosos os “experiment­alismos” do PS, como o de “ir buscar” ao Fundo de Estabilida­de da Segurança Social “1400 milhões para a Reabilitaç­ão Urbana”.

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