Pais do Amaral excluído da corrida
TAP Efromovich e Neeleman mais perto de vencer privatização da transportadora
Miguel Pais do Amaral viu o Governo excluir a sua proposta de compra da TAP por incumprimento do caderno de encargos. O empresário português, que olhava para a empresa desde julho do ano passado, apresentou uma proposta não vinculativa quando as regras obrigavam ao contrário.
“O Conselho de Ministro decidiu abrir uma fase de negociação com os dois proponentes que apresentaram propostas vinculativas”, revelou Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, ao explicar a desqualificação da proposta do conde da Anadia, e dono do Grupo Leya, e a razão por que o Governo decidiu avançar apenas para uma negociação direta com David Neeleman e Germán Efromovich.
O empresário já contava com a decisão desde quarta-feira e admitiu ao JN/Dinheiro Vivo ter entregue uma proposta não vinculativa. Justificou que estava dependente de três questões: seis semanas para avaliar o impacto da greve de dez dias dos pilotos, um acordo prévio com os sindicatos e o apoio do Governo na renegociação da dívida bancária da TAP (de 700 milhões de euros). “Deveriam ser dados sinais claros pelo Estado junto dos financiadores para que se verificassem condições satisfatórias ao nível da dívida da TAP”, sublinhou, a este respeito, Miguel Pais do Amaral.
O dono da Leya pedia também tempo ao Governo para analisar o prejuízo financeiro gerado com a greve de pilotos, avaliado pela TAP em 35 milhões de euros. “Não pudemos fazer o trabalho todo para cumprir o caderno de encargos”, afirmou.
A não consideração da oferta de Miguel Pais do Amaral e dos três fundos norte-americanos que corriam consigo foi feita por indicação da Parpública e abre caminho a que David Neeleman ou Germán Efromovich venham a ser os novos donos da empresa. A holding estatal dona da TAP sinalizou desde logo o incumprimento de um dos elementos do caderno de encargos, indicação que foi considerada pelo Executivo.
Ao mesmo tempo, a Parpública sublinhou que os outros dois candidatos apresentavam “propostas de mérito equivalente, não só do ponto de vista financeiro, como do ponto de vista estratégico”, o que justificou a abertura de um processo negocial. Este período é feito “com vista à apresentação de propostas vinculativas melhoradas e finais”.
Depois de ver a sua proposta morrer da praia, Pais do Amaral não vai recorrer da decisão. Lamenta, contudo, que a TAP venha a ser subsidiária de uma empresa de menor dimensão.
O Governo mantém junho como data indicativa para ter o processo de venda fechado.