Justiça ainda em busca do património dos Espírito Santo
Investigação Ministério Público, Polícia Judiciária e juiz Carlos Alexandre procuraram provas da dissipação de património em empresa do grupo
Uma semana depois do arresto preventivo de cerca de 600 imóveis do Grupo Espírito Santo (GES), uma equipa de polícias e magistrados avançou ontem com buscas sobre a Espírito Santo Property, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Os investigadores terão procurado, na sede desta sociedade gestora de ativos imobiliários do Grupo Espírito Santo (GES), provas de alegadas operações de dissipação de património.
A Procuradoria-Geral da República confirmou que, “no âmbito das investigações relacionadas com o denominado ‘Universo Espírito Santo’”, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, do Ministério Público, tinha em curso uma ação de buscas “nas instalações de uma empresa, em Lisboa”. Contudo, nada esclareceu sobre o propósito ou a oportunidade daquela diligência. Nas caixas de comentários das notícias online que os jornais publicaram sobre as buscas, um leitor do JN sintetizava, numa pergunta, o tom dominante: “Só agora?”.
Em novembro do ano passado, o DCIAP já fizera um raide de 41 buscas, em empresas e em residências de ex-administradores do Grupo e do Banco Espírito Santo, no âmbito da investigação de crimes de burla qualificada, falsificação de documento, abuso de confiança, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Ontem, os procuradores, os polícias e o juiz que acompanham o caso direcionaram a sua ação apenas para a ES Property, uma subsidiária da Rio Forte que ainda apresenta no seu portfólio o Oeiras Golf & Residence, a Quinta do Peru ou, em Vila Nova de Gaia, o empreendimento Douro Atlantic Garden, entre outros.
Há vários meses que o DCIAP tinha recebido do Gabinete de Recuperação de Ativos da Polícia Judiciária um relatório com a identificação de largas centenas de imóveis que podiam ser arrestados, para acautelar a posição do Estado e de outros lesados, em caso de condenação dos ex-responsáveis do GES e do BES. Mas, só na semana passada, o juiz Carlos Alexandre, sob proposta do DCIAP, determinou o arresto preventivo de cerca de 600 imóveis, além de produtos bancários e outros bens.
Ontem, os investigadores procuraram, entre outras, provas de alegadas operações que possam ter permitido a ex-responsáveis do grupo fazerem escapar do raio de ação da Justiça outros bens patrimoniais.