Exército Islâmico já está a executar civis em Palmira
Síria Jiadistas já controlam totalmente a cidade histórica e metade do território. UNESCO renova apelos ao Conselho de Segurança da ONU e a líderes mundiais
autodenominado Estado Islâmico (EI) terá executado pelo menos 17 pessoas na cidade síria de Palmira, que ontem passou a controlar completamente.
Ativistas do Observatório sírio dos Direitos Humanos precisaram à agência France Presse que entre as vítimas há civis e apoiantes das autoridades, sendo estes o alvo preferencial dos jiadistas, que obrigam os habitantes que não tinham fugido a permanecer em casa.
Desde a ofensiva jiadista, desencadeada no dia 13, terão morrido em Palmira pelo menos 460 pessoas, incluindo nove crianças.
Entretanto, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou novo alerta. “Palmira é o local de um legado mundial extraordinário no deserto”, recordou Irina Bokova, sublinhando que a sua destruição “não será apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a Humanidade”.
“Precisamos que o Conselho de Segurança (das Nações Unidas), todos os líderes políticos e os líderes religiosos lancem um apelo para prevenir estas destruições”, afirmou. “Em última análise”, é “o berço da civilização humana” que “pertence a toda a Humanidade”.
“Temos de agir porque existe perigo para monumentos património da Humanidade e, ao mesmo tempo, temos de agir contra o Daesh” (acrónimo árabe do EI), reagiu, ao fim do dia o presidente francês. É preciso também encontrar uma “solução política para a Síria e é isso que a França faz e há muito tempo”, acrescentou François Hollande.
Situada a 210 quilómetros a nordeste da capital, Damasco, a “pérola do deserto” foi ontem completamente tomada pelos jiadistas, que consolidaram a posição, apesar de vários raides aéreos das forças sírias.
Nas últimas semanas, a Direção-Geral de Antiguidades e Museus retirou do museu e das ruínas inúmeras peças e levou-as para “lugar seguro”. Mas as peças mais volupara mosas e as inamovíveis (como as grandes estátuas e os elementos decorativos das construções) ficaram à mercê do EI.
Além da importância cultural extraordinária, Palmira joga um papel decisivo no controlo do grande deserto sírio limítrofe da província iraquiana de Al-Anbar, que o EI já controla em grande parte. Ao consolidar a sua posição ali, os jiadistas dominam mais de metade do território sírio. E, segundo o Observatório dos Direitos Humanos sírio, ao cair da noite de ontem ocuparam o último posto de controlo da fronteira com o Iraque. A Síria já não controla fronteiras.